BDR ou ETF: qual a melhor maneira de investir no S&P 500?

SÃO PAULO – No dia 8 de fevereiro, o investidor pessoa física passou a ter permissão para investir nos BDRs de ETFs, ativos que começaram a ser negociados na Bolsa brasileira no fim do ano passado e que visam replicar o desempenho de grandes índices globais. Entre eles está o S&P 500, que acompanha as ações das 500 maiores empresas listadas nas bolsas nos Estados Unidos.

No ano passado, o S&P 500 teve valorização de 16,2%, e o dólar, ao qual o produto global negociado na B3 está diretamente exposto, avançou cerca de 30%.

Com a mudança, a nova alternativa de investimento se somou a outros veículos que já permitem ao brasileiro investir em índices internacionais, como os ETFs da própria BlackRock (IVVB11) e do Itaú (SPXI11). Ambos também replicam o benchmark americano e são oferecidos há bem mais tempo na B3 – o primeiro foi lançado em abril de 2014 e o segundo, em janeiro de 2015.

Em essência, tanto com os ETFs quanto com o novo BDR de ETF, negociado sob o código BIVB39, o investidor terá a mesma exposição ao desempenho do índice acionário dos Estados Unidos. Dessa forma, o retorno será fruto das variações do S&P 500 e do dólar em relação à moeda brasileira.

As maiores diferenças dizem respeito ao custo dos produtos, com um valor mínimo menor e com taxas de administração, ainda que baixas, pesando contra os ETFs em detrimento aos BDRs, e à liquidez.

Para investir no BDR da BlackRock, há uma taxa de administração do ETF de referência nos Estados Unidos, o iShares Core S&P 500, de 0,03% ao ano. Já o ETF da gestora tem a mesma taxa, acrescida de um custo no Brasil de 0,20%, o que culmina na taxa final de 0,23% ao ano sobre o valor aplicado.

O produto do Itaú (It Now SPXI11) tem uma taxa um pouco menor que a do ETF da BlackRock, de 0,21%, referente ao índice Vanguard S&P 500, mas também superior ao do BDR.

 

Nos dois produtos, os demais custos envolvidos são semelhantes aos de uma operação com ações brasileiras, uma vez que ambos são negociados em Bolsa.

O investidor geralmente precisa pagar uma taxa de corretagem para a corretora que utiliza para operar na B3. Além disso, há os emolumentos devidos à B3 e, possivelmente, taxa de custódia (muitas corretoras já isentam os investidores desse custo).

Além disso, nos dois instrumentos, há cobrança de alíquota de 15% sobre o ganho obtido nas negociações. E fica sob a responsabilidade do próprio investidor calcular o valor devido com base no lucro das vendas realizadas no mês e pagar, via DARF (Documento de Arrecadação de Receitas Federais), até o último dia do mês seguinte à venda.

Muita gente se depara com uma dúvida no que diz respeito à isenção fiscal para determinados valores. Portanto, que fique claro: diferentemente das ações, BDRs e ETFs de renda variável não contam com a isenção de imposto em caso de vendas de até R$ 20 mil ao mês.

Aporte mínimo e liquidez

Cabe destacar ainda que o valor necessário para adquirir os ativos também muda. Na última quarta-feira (10), os BDRs de ETFs referenciados no S&P 500 eram negociados em Bolsa na faixa dos R$ 52. Já no caso dos ETFs, os valores ficam acima dos R$ 200.

O fundo de índice da BlackRock que replica o S&P 500 era negociado a R$ 229,56 na quarta-feira (10), tendo registrado valorização de 51,4% em 2020 segundo dados da Economatica, o que embute a alta do benchmark da bolsa americana e do dólar. Importante lembrar que o lote padrão para aquisição do ativo corresponde a uma cota negociada na B3.

Já o par do Itaú era negociado a R$ 221,35 na quarta-feira (10), e rendeu 51,3% no ano passado.

Em termos da liquidez, por serem produtos com os quais o investidor brasileiro começou a se familiarizar há pouco tempo e por ficarem restritos a um grupo com maior patrimônio por muito tempo, os BDRs ainda seguem bem para trás. O volume médio diário negociado foi de R$ 115 milhões em 2020, considerados todos os cerca de 700 BDRs disponíveis na Bolsa, contra R$ 21 milhões, em 2019.

Entre os BDRs, o mais negociado em 2020 foi o da Tesla (TSLA34), com volume médio diário na B3 de R$ 10,3 milhões, seguido pelo do Mercado Livre (MELI34), com R$ 8,4 milhões.

No caso dos ETFs, o volume médio diário foi de R$ 1,4 bilhão no ano passado, ante R$ 600 milhões, em 2019, o que se reflete, na prática, em uma facilidade maior do investidor para comprar ou vender os ativos, diz Marcos de Callis, estrategista da Hieron Patrimônio Familiar e Investimentos. “A liquidez do ativo é um ponto muito relevante a ser considerado antes do investimento”, afirma.

No caso do ETF de S&P 500 da BlackRock, o volume médio diário foi de R$ 75 milhões em 2020, contra R$ 10 milhões em 2019. No produto do Itaú, o giro foi de R$ 9 milhões no ano passado, contra R$ 1,8 milhão no anterior.

O ETF com maior liquidez no mercado é o BOVA11, da gestora americana, que replica o Ibovespa, com volume médio diário de R$ 1 bilhão em 2020.

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