SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou o último pregão de maio em leve alta nesta segunda-feira, mas nada que impedisse a moeda de contabilizar a maior queda mensal desde novembro do ano passado e a mais forte para o mês em 12 anos, com a taxa de câmbio beneficiada nas últimas semanas pela melhora das expectativas para a economia brasileira e por mais ingressos de recursos.
O dólar à vista subiu 0,20% nesta segunda, para 5,2254 reais, após oscilar entre 5,264 reais (+0,94%) e 5,1989 reais (-0,30%).
O dia foi morno, com feriados nos Estados Unidos e no Reino Unidos limitando os negócios de dois dos maiores centros mundiais de negociação de moedas –Nova York e Londres–, o que afetou o volume de operações por aqui.
Com cerca de 215 mil contratos de dólar futuro transacionados até o momento, o giro desta segunda estava 25% abaixo da média dos últimos 30 dias.
Mas a análise do mês mostra um período mais animado, especialmente para os vendedores de dólar, que lucraram com a queda de 3,79% –maior baixa percentual desde novembro passado (-6,82%) e vem depois de queda de 3,53% no acumulado de abril.
Para meses de maio, a desvalorização é a mais intensa desde 2009. Em maio daquele ano, o dólar caiu 10,26%.
A contínua fraqueza do dólar no exterior –pela expectativa de que o banco central norte-americano não subirá juros tão cedo–, a melhora das projeções de crescimento econômico no Brasil, o reforço de fluxos de recursos de exportadores, a alta de juros pelo Banco Central e notícias sobre andamento das reformas deram a investidores argumentos para alguma realização de lucros na moeda dos EUA em maio.
E o cenário parece mais promissor para o real, por ora.
“O otimismo é baseado num retorno a ‘valuations’ pela moeda”, disse Caesar Maasry, chefe de estratégia de mercados emergentes do grupo de pesquisas do Goldman Sachs, que relatou aumento de interesse de estrangeiros por operações de “carry trade” com a moeda brasileira. Ele prevê que o dólar cairá para 5,00 reais nos próximos 12 meses.
“Nossa previsão é que o real se fortaleça nos próximos seis a 12 meses. Realmente achamos que as condições estão em curso para o real performar bem”, disse Maasry.
Além do vetor local, o câmbio seguirá reagindo aos desdobramentos externos. O índice do dólar contra uma cesta de moedas de países ricos caía 1,6% no acumulado de maio, depois de perder 2,1% em abril. O índice seguia próximo de mínimas desde janeiro.
Estrategistas do Morgan Stanley preveem que o dólar lá fora fique em intervalo estreito, operando em queda neste trimestre antes de ganhar moderada tração de alta em 12 meses. Um risco para divisas emergentes viria de uma desvalorização das commodities, cujo bom desempenho recente tem amparado moedas de países exportadores de matérias-primas, caso do real.
O mercado começa junho já à espera de dados de emprego nos EUA a serem divulgados na sexta-feira. Os números poderão corroborar leitura de força da economia norte-americana ou colocar dúvidas sobre o ritmo de recuperação, o que pode ter implicações para ativos de risco em todo o mundo.
Em 2021, o dólar ainda sobe 0,65% ante o real.
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