SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou numa mínima em um ano nesta sexta-feira, quando engatou terceiro pregão de firme queda que levou a cotação à casa de 5,03 reais, com o câmbio repercutindo um rali global de ativos de risco que intensifica nos negócios o efeito do otimismo em curso sobre o Brasil.
O movimento global pró-risco foi deflagrado por dados mais fracos do mercado de trabalho dos Estados Unidos, os quais esfriaram expectativas de que o banco central dos EUA retire estímulos de forma precoce. Mantidos esses estímulos, mantém-se a liquidez farta que pode fluir para mercados emergentes como o Brasil.
O dólar à vista caiu 0,93%, a 5,037 reais na venda. É o menor patamar desde 10 de junho de 2020 (4,9398 reais). A divisa oscilou durante esta sessão de 5,109 reais (+0,49%) a 5,033 reais (-1,01%).
“Os 5 reais estão chegando”, disse um profissional da área de câmbio de um banco estrangeiro. “O fluxo continua vindo. O cenário de queda do dólar (no mundo) favorece, além desse adicional de que o Fed não vai corrigir tão cedo sua política monetária.”
Os postos de trabalho fora do setor agrícola nos EUA aumentaram em 559 mil no mês passado. Economistas consultados pela Reuters previam abertura líquida de 650 mil vagas de emprego em maio.
“O relatório de empregos permite que o Fed permaneça paciente, dando passos de bebê lenta e cuidadosamente para preparar o terreno para a redução (dos estímulos), mas é improvável que envie um sinal explícito até a reunião do Fomc de setembro”, disseram analistas do Bank of America em nota.
Outros mercados também reagiram bem. O Ibovespa superou os 130 mil pontos e cravou novo recorde. Os juros futuros chegaram ao fim da sessão em queda de 10 pontos-base. Em Nova York, Wall Street teve um rali, com os índices muito perto de máximas históricas. [.NPT]
A farta injeção de dinheiro barato pelos Estados Unidos é a responsável pelo tombo de 12,6% do dólar globalmente desde o ápice do nervosismo inicial com a pandemia, em março de 2020.
No Brasil, a moeda resistiu a cair, saltando mais de 20% em 2020 e chegando a acumular em 2021 alta de mais de 10% até março. Mas desde então sinais menos aflitivos do lado fiscal doméstico e o início da normalização monetária deram argumentos para investidores começarem a devolver parte da alta do ativo.
Mais recentemente, o movimento foi fortalecido pela percepção de intenso ingresso de capital de exportadores e para bolsa, além de revisões para cima nas expectativas para a taxa de juros e para o crescimento econômico. O real teve o melhor desempenho global na terça-feira, quando o IBGE divulgou expansão do PIB no primeiro trimestre acima do esperado.
Dados da B3 mostram que desde meados de abril investidores estrangeiros têm estado fortes na ponta de venda de dólar, desfazendo-se de 7,9 bilhões de dólares em contratos de dólar futuro, cupom cambial e swap cambial.
O real é o destaque maior das principais moedas emergentes desde então. Veja queda do dólar frente a algumas divisas emergentes. A linha do real está em roxo:
Segundo o Bank of America, o apetite do investidor internacional por moedas emergentes deve continuar. Segundo dados do banco, a exposição ao real é uma das maiores desse universo, junto com iuan, peso mexicano e rupia indonésia.
“Continuamos construtivos no curto prazo, mas estamos atentos aos indicadores de sentimento e posicionamento para reduzir a exposição antes do que poderia ser um terceiro trimestre complicado”, disseram profissionais do BofA, citando o período em que o Federal Reserve (banco central dos EUA) poderia começar a sinalizar de maneira mais explícita redução de estímulos.
Na semana, o dólar no Brasil perdeu 3,41% –a segunda consecutiva de queda e mais intensa desde a semana finda em 7 de maio (-3,75%). Em junho, a moeda recua 3,61%, aprofundando a queda em 2021 para 2,98%.
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