O dólar abandonou a estabilidade de mais cedo e passou a cair acentuadamente em relação ao real nesta quarta-feira, refletindo a aprovação do arcabouço fiscal pelo Congresso e a redução de temores sobre a política monetária do Federal Reserve após dados mornos dos Estados Unidos.
Às 12h30 (horário de Brasília), o dólar comercial caía 1,13%, a R$ 4,884 na compra e R$ 4,885 na venda.
A Câmara dos Deputados concluiu na noite de terça a votação do novo arcabouço fiscal, medida prioritária para o governo que, embora tenha conseguido vê-la aprovada, não pôde manter na proposta dispositivo que alterava o cálculo do prazo da inflação e abriria um espaço de até R$ 40 bilhões no Orçamento de 2024. Segundo Márcio Riauba, gerente da mesa de operações da StoneX, a exclusão desse dispositivo “é positiva” e um dos vetores de pressão sobre o dólar neste pregão.
O texto do marco fiscal, que agora segue à sanção presidencial, mantém, no entanto, alteração promovida por senadores que exclui do conjunto das despesas o Fundeb e o Fundo Constitucional do Distrito Federal.
Num geral, a percepção do mercado é que de, “com a agenda do governo no Congresso sendo destravada, a tendência… é que os ativos consigam se recuperar”, disse equipe da Guide Investimentos em nota nesta quarta-feira.
No exterior, depois de ter tocado uma máxima em dois meses contra uma cesta de pares fortes mais cedo, o dólar passou a rondar a estabilidade após dados mostrarem que a atividade empresarial nos Estados Unidos aproximou-se em agosto da estagnação, com o crescimento no ritmo mais fraco desde fevereiro.
Segundo operadores, essa leitura pode diminuir a possibilidade de o Federal Reserve optar por uma trajetória de política monetária mais restritiva do que o esperado pelos mercados — cenário que, somado a sinais de fraqueza econômica na Europa e na China, tenderia a sustentar o dólar.
“Os Estados Unidos (seguem) mantendo sua taxa de juros mais alta por um período prolongado… se aumentar um pouquinho mais, acaba diminuindo a diferença de juros e o dólar acaba sendo atrativo para todos os investidores”, explicou Riauba, da StoneX.
Juros mais altos nos Estados Unidos podem prejudicar o apelo de “carry trade” de moedas consideradas arriscadas, que é o retorno adicional que investimentos denominados nessas divisas — mais rentáveis — oferecem quando comparados a aplicações lastreadas em dólar.
Operadores aguardam agora o discurso do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, no final desta semana no Simpósio de Jackson Hole, em busca de pistas sobre a trajetória da política monetária.
Ontem, o dólar fechou em queda de 0,76% frente ao real, a R$ 4,940 na compra e a R$ 4,941 na venda.
(com Reuters)
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