Bolsa e Banco do Brasil em baixa, dólar e junior oils em alta: o que é ou não “efeito Petrobras”?

O efeito do não-pagamento de dividendos extraordinários pela Petrobras (PETR3;PETR4) tem impactos para o mercado brasileiro em geral, com o Ibovespa em queda de mais de 1% dada a forte participação da petroleira no índice e também com outras ações sofrendo um efeito secundário do anúncio da petroleira.

O Ibovespa registrava, às 11h10 (horário de Brasília), queda de 1,38% (126.515 pontos), com a baixa de mais de 10% da ação da petroleira.

Outra estatal, o Banco do Brasil (BBAS3) também registrava perdas, com desvalorização de cerca de 2%, chegando a ter baixa de cerca de 4% na mínima do dia: contudo, mais do que a maior percepção de risco pelo fato da companhia ser estatal, o fator de peso é a reunião de Lula, Fernando Haddad (ministro da Fazenda) com bancos públicos, que constou na agenda da manhã desta segunda-feira (8).

“A gente tem visto o presidente cada vez mais à vontade em pedir que os bancos públicos aumentem ajuda para o crescimento econômico. Isso pode ser interpretado por muitos como uma intervenção maior nos bancos públicos, algo que poderia fazer com que seus resultados piorassem”, avalia Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.

Enquanto isso, as ações das petroleiras juniores, ou “oil juniors”, registram ganhos fortes na sessão, mesmo em uma sessão de leve queda para o petróleo. PRIO (PRIO3), 3R (RRRP3) e PetroReconcavo (RECV3) sobem entre 3% e 3,6%, em meio a um possível movimento de “rotação de carteiras”, com saída dos investidores de Petrobras para outras companhias do mesmo setor.

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Bolsas dos EUA sobem após dados de trabalho

No mercado de câmbio, o dólar comercial subia cerca de 0,91%, a R$ 4,979 na compra e na venda, também com o “efeito Petrobras”, mas com outros pontos a serem monitorados pelos investidores. O payroll e o noticiário sobre o Congresso estão no radar.

A moeda americana mostrou instabilidade ao longo das primeiras horas de negócios, saltando aos picos do dia imediatamente após o relatório de emprego norte-americano para em seguida devolver parte dos ganhos, antes de voltar a ganhar fôlego novamente a partir das 11h. A criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos superou as expectativas em fevereiro, mas dados de meses anteriores foram revisados para baixo, enquanto houve aumento da taxa de desemprego e moderação dos ganhos salariais –indícios de algum afrouxamento do mercado de trabalho.

A economia dos EUA abriu 275 mil postos de trabalho fora do setor agrícola no mês passado, mostraram os dados do Departamento do Trabalho dos EUA. Economistas consultados pela Reuters previam abertura de 200 mil vagas em fevereiro, com estimativas variando de 125 mil a 286 mil. Os dados de janeiro, contudo, foram revisados para baixo, mostrando 229 mil empregos criados, em vez de 353 mil, conforme informado anteriormente.

“O par real/dólar apresentou grande volatilidade no momento da divulgação dos dados, mas a leitura acabou sendo um pouco amenizada, suavizada, com os dados adicionais, como a revisão dos empregos (de meses anteriores), o crescimento da taxa de desemprego e assim por diante”, disse Leonel Mattos, analista de inteligência de mercados da StoneX. Ainda assim, “a criação de empregos no mês de fevereiro foi novamente bem acima do estimado, o que mostra três meses seguidos de leituras acima do que se estimava para o mercado de trabalho americano, dezembro, janeiro e fevereiro… Vale destacar que a taxa de desemprego nos Estados Unidos se encontra abaixo de 4% há dois anos… e ainda mostra um mercado de trabalho saudável, resiliente.”

De pano de fundo, pesam ainda as notícias de que o governo quer discutir com o Congresso um novo limite de gastos no Orçamento de 2024 diante dos recordes de arrecadação. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez essa sinalização ontem no anúncio do PAC Seleções, no Palácio do Planalto, o que também impulsiona os juros futuros na sessão.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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