O Plano Real, que completa 30 anos no dia 1º de julho, é hoje reconhecido por ter salvado o país de uma hiperinflação que deteriorou o padrão de vida do brasileiros, e marcou o fim de um período de juros estratosféricos – quem aplicou em renda fixa no momento de sua criação e teve paciência, embolsa um bom dinheiro.
Levantamento feito por Michael Viriato, estrategista-chefe da Casa do Investidor, mostra que o brasileiro que investiu apenas R$ 1.000 no início do Plano Real, em diferentes aplicações, conseguiu embolsar entre até R$ 76.464 ao longo de três décadas – superando com folga a inflação, já que o valor corrigido pelo IPCA alcança apenas R$ 7.585.
Receba até 200% acima da poupança tradicional sem abrir mão da segurança.
Os grandes vitoriosos do período foram os títulos atrelados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que baliza a rentabilidade das aplicações de renda fixa. Quem separou 100 notas de R$ 100 e colocou em algum produto financeiro que pagou 100% do CDI no período, viu o patrimônio saltar 76 vezes.
As aplicações atreladas à referência ficaram acima inclusive do Ibovespa. O mesmo valor aplicado no principal indicador de desempenho de ações negociadas da bolsa de valores rendeu R$ 29.587,94 para a carteira do investidor.
O porto seguro da renda fixa
A performance superior do certificado de depósito interbancário sobre outros ativos tem relação com algumas característica de condução de política monetária no Brasil, disse Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.
“Primeiramente, as taxas de juros no Brasil têm historicamente sido muito altas, o que torna os investimentos atrelados ao CDI extremamente atraentes. Vale lembrar que grande parte do período em questão a Selic permaneceu em níveis elevados, proporcionando retornos substanciais para os investidores em renda fixa”.
Filipe Arend, head de renda fixa da Faz Capital, disse que fatores estruturais que mantiveram os juros nas alturas por anos, principalmente os problemas fiscais, o crescimento da dívida pública e a falta de reformas para melhorar o ambiente econômico.
Sobre o baixo desempenho do Ibovespa na comparação com o CDI, Arend falou que o brasileiro sempre teve disposição nas aplicações mais conservadoras de renda fixa com um nível muito atrativo de rentabilidade. Além disso, disse, o ambiente brasileiro de negócios afetou a performance das companhias listadas na B3 de forma negativa.
“O sistema tributário brasileiro muito complexo e bastante restritivo, a insegurança jurídica que as empresas enfrentam, todas as crises econômicas que a gente viu desde o Plano Real nos últimos 30 anos e o próprio histórico de estagnação também acabaram prejudicando os resultados das empresas”.
Evolução de R$ 1 mil em seis aplicações
As piores aplicações do período foram o dólar e as atreladas ao IPCA, que perderam até para a poupança. No caso do dólar, “a moeda passou por diversas flutuações ao longo dos anos, influenciadas por crises internacionais e variações no cenário econômico global, o que resultou em um desempenho menos consistente comparado a outros tipos de investimentos”, falou Lima. No começo do Plano Real, vale lembrar, a moeda americana chegou a valer menos de R$ 1.
Veja quanto R$ 1 mil renderam desde a criação do Plano Real:
Fonte: Estrategista-chefe da Casa do Investidor, Michael Viriato
*Valores brutos, sem considerar Imposto de Renda, até 24 de julho
Plano real
O plano foi concluído na virada de junho para julho de 1994. O objetivo do conjunto de propostas era resolver uma série de problemas econômicos enfrentados pelo Brasil. Antes dele, o país teve quatro moedas e seis planos econômicos.
Esta publicação faz parte da série 30 anos do Plano Real: Passado, presente e futuro da moeda que mudou o país, especial do InfoMoney com reportagens, entrevistas, vídeos e artigos sobre a trajetória da moeda brasileira de sua criação aos dias de hoje.
The post Quanto R$ 1 mil rendeu desde a criação do Plano Real? appeared first on InfoMoney.