O dólar vai subir mais em julho?

Após um primeiro semestre de alta e atingindo seu recorde desde janeiro de 2022, aos R$ 5,66, nas primeiras sessões deste mês, o dólar tende a se estabilizar em julho, conforme analistas consultados pelo InfoMoney. Isso, claro, se nenhuma expectativa macroeconômica se alterar de forma muito significativa.

Frente às expectativas para o fechamento deste ano, coletadas pelo Boletim Focus do Banco Central (BC), da 1ª semana de julho, a taxa encontra-se bem acima dos R$ 5,20 previstos pelos economistas. No entanto, a projeção vem subindo rapidamente, um mês atrás estava em R$ 5,05, por exemplo.

Apesar da volatilidade registrada pela moeda, que vem subindo – sobretudo na reta final de junho – diante do real com os ataques do presidente Lula ao Banco Central, a política monetária externa, especialmente dos EUA, é que deve ditar os rumos da divisa.

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“Nos Estados Unidos, observar discursos de Jerome Powell, presidente do Fed, e dados econômicos importantes, como o relatório de empregos, serão fundamentais. Assim, um tom mais rígido de Powell ou sinais de fraqueza no mercado de trabalho podem influenciar a trajetória do dólar, afetando as expectativas de cortes de juros”, comenta Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank.

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No Brasil, além do embate entre Lula e Roberto Campos Neto, presidente do BC, a questão fiscal deve seguir acompanhada de perto, de acordo com Bazzo, em especial considerando preocupações com orçamento comprometido e falta de cortes de gastos.

“A combinação dessas dinâmicas pode trazer movimentos voláteis no câmbio ao longo do mês”, afirma.

Incertezas sobre política monetária nos EUA

As incertezas sobre o possível início do ciclo de cortes na política monetária dos EUA podem reduzir a liquidez no mercado internacional. Isso porque a cautela nas negociações poderia garantir mais um mês de dólar forte. Essa é a visão de Matheus Pizzani, economista da CM Capital.

“O quadro pode ser agravado ou amenizado a medida em que os principais dados de atividade econômica e inflação sejam divulgados, com destaque para o payroll, divulgado na próxima sexta-feira (05/07)”, destaca. Pizzani reforça, ainda, o potencial de questões sazonais amenizarem o impacto sobre o câmbio local no Brasil.

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De acordo com o economista, a balança de pagamentos pode gerar influxo significativo de divisas neste período. O benefício para a balança pode ser, “em especial pela exportação da maior parte da safra de nossas principais commodities agropecuárias”, complementa.

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O comportamento que a moeda americana apresentou nos últimos seis meses é fruto de uma combinação de dois fatores específicos, explica Pizzani.

O primeiro é internacional, pelo “processo de reversão das expectativas do mercado acerca de uma possível condução mais dovish (branda nos juros) por parte do FED no que diz respeito à política monetária dos Estados Unidos”.

Já o segundo fator que impacta o dólar seria de natureza doméstica, no debate sobre a política econômica brasileira. O destaque, nesse caso, fica para a questão fiscal e as incertezas sobre o futuro das contas públicas.

Apesar de esperar estabilidade, o analista da VG Research, Guilherme Morais, destaca que é possível esperar mais volatilidade, especialmente quando as próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC e do FOMC estejam se aproximando.

“Até lá os dados econômicos que serão divulgados semana a semana irão ajustando o que cada Banco Central deve realizar e, principalmente, indicar para os próximos meses”, afirma.

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