Combustível, dólar e geopolítica: passagens aéreas voam antes das férias

Foi dada a largada para o período de férias e, com isso, cresce o número de viagens. Mas, em tempos de dólar nas alturas, o consumidor deve sentir no bolso o aumento nas passagens, que até novembro chegou a 22,65%, segundo dados do IPCA divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

E para 2025 os preços das passagens aéreas devem continuar a subir de maneira generalizada em todo o mundo, como mostra o relatório anual Air Monitor 2025, da Amex GBT Consulting.

Uma combinação de fatores vai sustentar as altas, como custos operacionais mais altos e tensões geopolíticas, que alimentam a volatilidade dos preços do combustível.

O setor aéreo ainda não conseguiu se recuperar totalmente desde a pandemia, enquanto novos acordos trabalhistas vem pressionando e mudando a forma de precificação das passagens. Além disso, a tendência das companhias aéreas é adotar aeronaves mais estreitas e frequentes, mudando rotas e preços, segundo Amex.

Custos dolarizados

Em 2024, o cenário se intensificou, com as tarifas atingindo níveis recordes no Brasil, como mostra um estudo realizado pelo movimento Livre. Conforme o levantamento, os custos das companhias aéreas brasileiras são amplamente dolarizados, abrangendo despesas como leasing de aeronaves, manutenção e combustível.

E neste ano, com o aumento do dólar, a pressão foi mais expressiva, refletindo tarifas cobradas dos consumidores.

O querosene de aviação (QAV), que compõe cerca de 40% dos custos operacionais das companhias, sofreu aumentos expressivos, chegando a subir mais de 50% desde 2020, impulsionado por crises internacionais, como a guerra na Ucrânia.

Além disso, o mercado aéreo brasileiro continua concentrado em poucas empresas, como Gol (GOLL4), Latam e Azul (AZUL4), que juntas controlam a maior parte das rotas domésticas. Essa concentração limita a concorrência o que piora a situação, elevando tarifas especialmente em períodos de alta demanda.

 O setor ainda enfrenta as turbulências dentro das empresas, como a recuperação judicial da Gol, o que ajuda a prejudicar ainda mais o cenário de concorrência.

Sulamericanos

Na América do Sul, o aumento de preços deve ser de 3,6% nos voos internos na classe econômica e de 0,3% na classe executiva, como mostra o estudo da Amex. A maior parte do aumento na região deve ocorrer por causa da Argentina, onde a volatilidade econômica e as mudanças no mercado doméstico tendem a elevar os preços.

O único alívio fica por conta da queda de 8% nos preços das passagens aéreas na classe econômica e de 1% na executiva entre a América do Sul e América do Norte, segundo o estudo Air Monitor, feito todos os anos pela Amex com previsões globais para o setor.

Recorde no Brasil

Apesar disso, a aviação civil brasileira atingiu a marca recorde de 2,1 milhões de passageiros em voos internacionais, segundo o Ministério de Portos e Aeroportos. Esse número representa um aumento de 14% em relação ao mesmo período de 2023, quando 1,8 milhão de pessoas viajaram para o exterior. Para a Pasta, o crescimento do setor reflete a recuperação do mercado aéreo e o fortalecimento do Brasil como um hub de turismo.

O ministro Silvio Costa Filho ressaltou as ações adotadas pelos setores público e privado com objetivo de fortalecer o modal aéreo e alcançar o crescimento da aviação. “Tivemos um ano de muito sucesso na nossa aviação internacional, com previsão de ser o melhor da história. E isso se deve a parcerias realizadas com o Ministério do Turismo, Embratur, empresas aéreas e toda a cadeia produtiva”, disse.

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