O fato é que ninguém esperava o dólar com comportamento que teve desde o início do ano. Para Rodolfo Margato, economista da XP, que participou do programa Morning Call da XP nesta quinta (3), o desempenho do dólar no primeiro semestre de 2025 foi a grande surpresa da economia.
“Pós-resultado das eleições (para presidente) nos Estados Unidos no final do ano passado, com a vitória de Donald Trump, a maior parte dos agentes de mercado esperavam até um fortalecimento adicional da moeda americana”, disse.
“Mas o que a gente observou ao longo do primeiro semestre quase de forma contínua foi justamente o contrário”, acrescentou.
“O dólar se enfraqueceu cerca de 10% na comparação numa cesta com outras moedas de economias desenvolvidas, ou seja, em relação aos seus pares, como o Euro, o iene, o franco suíço e a libra”, afirmou.
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DXY
O economista citou que o DXY, índice global que mede o desempenho do dólar americano frente a uma cesta de moedas estrangeiras, foi um dos principais indicativos da derrocada da moeda americana no cenário internacional.
“Esse enfraquecimento, essa desvalorização ao longo do primeiro semestre de mais de 10% surpreendeu praticamente todos os agentes do mercado”, destacou. “E isso tem implicações para todas as economias”, pontou.
Ele mencionou que esse enfraquecimento veio a despeito de muitas idas e vindas nas discussões sobre aumento de tarifas de importação promovido pelos Estados Unidos.
De acordo com o analista, mesmo com as tensões geopolíticas e conflitos militares, como no Oriente Médio e na Ucrânia, além da alta dos juros dos títulos do Tesouro americano, as Treasures, a moeda americana se desvalorizou.
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Tarifas de importação
“Veja que com todo esse tensionamento, com muitas incertezas sobre o aumento das tarifas de importação, com esse cenário conturbado, a gente observou o enfraquecimento e a desvalorização global do dólar”, explicou.
A desvalorização global do dólar permitiu uma depreciação da taxa de câmbio no Brasil. “Vale lembrar que no ano passado tivemos aquele pico de stress nos mercados locais e o câmbio chegou a mais de R$ 6,30 por dólar. Hoje, ele está perto de R$ 5,40”, ressaltou.
Rodolfo Margato elogiou a “postura firme da política monetária do Banco Central, com uma política restritiva”.
Essa valorização do real, segundo ele, também permitiu alívio para a inflação do curto prazo, inclusive com as previsões caindo. Ela promoveu a descompressão de bens industriais e alimentos, que respondem mais a variável do câmbio, e dos preços das commodities, como o petróleo”, afirmou.
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