Os noticiários externo e doméstico têm sido movimentados para o mercado brasileiro nas últimas semanas, com tarifaço de Trump, IOF, discussões políticas, entre outros temas. Mas grande parte dos investidores já está de olho em 2026: além da expectativa pelo corte de juros no próximo ano, o noticiário eleitoral ganha cada vez mais força, com as atenções já se voltando para as pesquisas eleitorais.
E os levantamentos já mostram reviravoltas: se antes apontavam desaprovação recorde de Lula, agora o petista respira com melhoras de seus números. Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta apontou melhora da avaliação do governo após o tarifaço de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros e que Lula venceria as eleições de 2026 em todos os cenários. Grande parte do mercado acaba vendo esses números do lado negativo, pois enxergam menor compromisso com o ajuste fiscal da parte do petista quando comparado com a oposição.
Contudo, é cedo para operar de olho nas eleições de 2026 ou já é momento de se posicionar? O mercado já precifica o pleito do próximo ano?
Esse foi um dos temas do XP Equities Insights, evento realizado pela XP Investimentos na última quarta-feira (16) que contou com a participação de grandes gestores, analistas e estrategistas do mercado para debater o cenário do mercado de ações brasileiro.
Christian Keleti, sócio-fundador e CEO da AlphaKey Management, e Sara Delfim, sócia-fundadora da Dahlia Capital, veem pouco efeito ainda da eleição de 2026 no mercado. Eles avaliaram que o rali da Bolsa, que no último dia 4 superou máxima histórica acima de 141 mil pontos, foi motivado pelo cenário macro global, ainda com quase nenhum efeito aparente das eleições presidenciais de 2026.
Segundo o gestor da AlphaKey, o movimento de rotação de capital provocado com a deterioração de expectativas sobre a economia e os mercados americanos após o “Liberation Day” do presidente Donald Trump favoreceu principalmente mercados emergentes. Com isso, o Brasil foi o maior beneficiário dos fluxos estrangeiros porque é o “mais líquido” em um ambiente ausente de “mercados profundos” na América Latina.
Contudo, vale ressaltar, houve um aumento dos temores após as tarifas de 50% anunciadas ao Brasil por Donald Trump.
Os gestores alertaram para os riscos persistentes no radar, como as incertezas quanto a delicada situação fiscal no Brasil, mas reforçaram a importância de olhar para o cenário global em que está se adentrando, com início de corte de juros dos EUA no horizonte e uma China indicando que os estímulos estão finalmente surtindo efeito na economia do país.
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Para Sara Delfim, a Bolsa brasileira segue descontada, negociando abaixo de seus múltiplos históricos, ao passo que as empresas domésticas estão ganhando escala, gerando caixa e desalavancando, com potencial para revisões de lucro altistas.
Em termos de carteira, a Dahlia está cautelosamente otimista com a Bolsa local, com menor alocação em ativos cíclicos domésticos, optando por um portfólio mais diversificado com apostas no setor de utilities e financeiro.
Pesquisa do Bank of America (BofA) com gestores de fundos da América Latina aponta que os investidores começarão a fazer alocações focando nas eleições a partir do quarto trimestre de 2025 ou antes.
Os gestores apontaram que seguem otimistas, com 83% dos entrevistados espera que o Ibovespa encerre 2025 em um nível superior aos 140 mil pontos, acima dos 66% do levantamento feito no mês de junho. Contudo, o banco pondera que a maioria respondeu a pesquisa antes do anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tarifas de 50% ao Brasil. A maioria também apontava que o Brasil tivesse uma performance superior ao do México nos próximos seis meses, segundo o BofA.
Em relatório recente, o Bradesco BBI, contudo, apontou que os citados corte de juros e o ciclo eleitoral de 2026 comecem a ser precificados ao longo do segundo semestre de 2025, já dando sinais de que os primeiros movimentos já devem acontecer.
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