Vendido em dólar, comprado em real e Ibovespa e neutro com inflação local. Essas são algumas das estratégias adotadas por gestoras brasileiras para seus fundos antes da Super-quarta, o aguardado momento quando tanto os Estados Unidos como o Brasil determinam suas decisões de política monetária.
Segundo o CME FedWatch, 96,3% do mercado projeta que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) reduza os juros em 0,25 ponto percentual nesta quarta-feira (17). Já no Brasil, a expectativa é de manutenção da Selic.
As posições foram compiladas pela Necton Investimentos a partir das últimas cartas mensais de 21 fundos de 19 gestoras. Juntas, essas casas administram cerca de R$ 1,65 trilhão, segundo a Anbima – valor superior ao PIB do Rio de Janeiro em 2024.
Câmbio e moedas
Nas moedas, o consenso mais forte entre as gestoras foi a posição vendida em dólar. Casas como Legacy Capital, Ibiuna e ASA enxergam espaço para desvalorização da moeda americana frente a pares emergentes.
O “fundo mantém posição líquida vendida em dólar”, disse o ASA em carta mensal do seu fundo Hedge, sinalizando que o “dólar tem se mantido estável em relação às outras principais moedas, provavelmente refletindo o crescimento ainda benigno da economia americana e a depreciação já significativa do dólar no primeiro semestre do ano”.
Em contrapartida, o real aparece entre os preferidos, com apostas compradas de Kapitalo, Verde, Kinea e Vinland, refletindo expectativa de fluxo externo positivo e cortes de juros domésticos. O euro também aparece no radar de algumas assets, com posições compradas em Verde e Kapitalo, enquanto moedas como o peso mexicano e o iene ficaram, em sua maioria, em posições neutras.
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Juros
No mercado de juros, o destaque está nas apostas aplicadas nas curvas do Brasil e do México, o que indica expectativa de cortes adicionais de taxas nessas economias. Gestoras como Ibiuna, Legacy e XP reforçam essa visão, apontando para um cenário de inflação mais comportada. A Ibiuna disse em carta mensal de seu fundo Hedge que mantem “posições táticas aplicadas em juros nominais e trades de valor relativo nas curvas reais e implícitas”.
Já nos Estados Unidos, muitas casas mantêm posições tomadas, como ASA e Itaú, mostrando cautela com a velocidade dos cortes do Federal Reserve. Em outros mercados desenvolvidos, como a Europa, o posicionamento é mais neutro.
Renda variável
As estratégias em ações mostram maior dispersão. Boa parte das casas demonstram otimismo com o mercado doméstico: Verde Asset e Kinea mantêm posições compradas em Ibovespa, apostando em valorização de empresas brasileiras diante de um ambiente de juros em queda.
“Aproveitamos o ruído das tarifas para implementarmos posições otimistas na bolsa brasileira por meio da compra de opções de compra no EWZ (ETF de ações brasileiras negociado em Nova York)”, disse a Kinea em sua carta do gestor de agosto.
Segundo o relatório da Necton, o Itaú Artax, fundo do Itaú, está comprado em ativos locais com foco em empresas defensivas, enquanto a Ibiuna aposta em ações brasileiras por meio de operações de long & short, que consiste em comprar e vender pares de ações simultaneamente, buscando lucro.
Nos mercados internacionais, o tom predominante é de neutralidade, mas pendendo mais o positivo. “Após sinalizações mais claras que o juro americano irá cair em breve, e com a economia dos EUA sólida, o cenário para renda variável global continua favorável, na nossa visão”, disse a Occam Brasil em carta mensal.
A casa mantém preferência por empresas de tecnologia, especialmente ligadas a propaganda digital, software e semicondutores. A Legacy Capital também segue otimista com o setor teco, assim como Kinea, ASA e Opportunity.
Inflação
Nas apostas ligadas à inflação, a maioria das casas adota posição neutra em relação ao Brasil. A Armor Capital tem alocações em NTN-Bs intermediárias, enquanto o Itaú Janeiro está vendido em inflação implícita (diferença de rendimento entre títulos públicos prefixados e atrelados à inflação). Nos EUA, o posicionamento também é de cautela, com poucas gestoras explorando esse mercado de forma mais agressiva. A Verde Asset, porém, está comprada em inflação implícita internacional.
Commodities
As gestoras mostram apostas diversificadas em commodities. A Kinea está comprada em ouro e gás natural, e vendida em algodão, petróleo, café e farelo de soja. O ASA está comprado em ouro e prata, e vendido em petróleo. O Itaú, em seu fundo Optimus, zerou posições em petróleo. A Adam Capital está comprada em ouro, e a Verde também. A Vista Capital aposta em ouro e urânio, enquanto a Bahia Asset está comprada em ouro e vendida em petróleo e minério de ferro.
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Patrimônio líquido das gestoras:
Gestoras | Patrimônio Líquido (R$) |
---|---|
Itaú Unibanco | 1.17 tri |
XP | 221.76 bi |
Kinea Investimentos | 143.59 bi |
Kapitalo Investimentos | 26.24 bi |
Legacy | 16.33 bi |
Virland | 15.66 bi |
Verde Asset | 14.32 bi |
OCCAM Brasil | 11.09 bi |
Ibiuna | 10.80 bi |
ASA | 7.12 bi |
Quantitas | 5.72 bi |
Bahia Asset | 4.67 bi |
Adam Capital | 2.93 bi |
Ace | 2.50 bi |
Opportunity | 2.22 bi |
Kinitro Capital | 1.55 bi |
Armor Capital | 1.54 bi |
Novus Capital | 1.52 bi |
Vista Capital | 1.42 bi |
Total | 1.65 tri |
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