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A depreciação do real frente ao dólar, registrada este ano, não vem sendo apenas motivo de preocupação para o mercado. Para Alfredo Menezes, fundador e CEO da Armor Capital, o tema câmbio é capaz de mexer com os brios também do governo.
Ele, junto com Fabio Okumura, sócio-fundador e CIO da Gauss Capital, participou do episódio 261 do programa Stock Pickers, apresentado por Lucas Collazo e Henrique Esteter.
“O governo só toma atitude, seja ele o Executivo ou o Legislativo, quando vê o dólar andando muito forte”, avalia Alfredo Menezes.
“Não são os juros nem a bolsa que preocupam o governo, mas o dólar.”
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Alfredo Menezes, da Armor Capital, e Fabio Okumura, da Gauss Capital, se surpreendem pelo fato das despesas terem subido já no início do governo
Estresse à vista
O gesto da Armor explica que o dólar afeta muito a inflação corrente. “Quando as coisas vão deteriorando (por conta do dólar), o governo vai se mexer”, diz. A moeda americana vem subindo forte nos últimos dias, embora fatores externos, como a eleição americana, tenham impactado no câmbio em todo o mundo.
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Segundo Alfredo Menezes, se a inflação oscilar entre 4,5% e 5% pode ser que não haja alguma ação do governo. “Mas pode haver estresse. Estou com viés de que há grande chance de se mexer (na economia) por conta do câmbio”, afirma.
O gestor já fala, inclusive, em dólar chegando a R$ 6,40.
Menos pressão no real
“O dólar está até comportado, pelo fato de as empresas não terem mais dívidas em moeda americana”, analisa Fabio Okumura.
Segundo ele, quando os juros estavam baixos no Brasil, houve um movimento de se pagar as dívidas no exterior e de tomá-las aqui dentro.
Assim, para o gestor da Gauss, isso acaba tirando pressão do câmbio, mesmo diante de um cenário ruim.
“Essa piora do dólar pode ser que continue acontecendo, mas é difícil ter um aumento forte.”
Enquanto isso, Alfredo Menezes destaca também o papel do Banco Central daqui para frente com relação ao real.
Em janeiro, assume a presidência Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária da instituição, com o fim do mandato de Roberto Campos Neto em dezembro.
“Imagina pegar um Banco Central mais dovish? Aí que vai dar problema no câmbio”, diz ele, que foi membro do conselho da B3 e diretor da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
O gestor quer dizer que uma postura mais favorável a taxas de juros mais baixas, menor centralidade na inflação e foco maior na atividade econômica viriam com a entrada do indicado pelo governo Lula, desfavorecendo um controle maior do real frente ao dólar.
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