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A Agência Nacional de energia Elétrica (Aneel) definiu a bandeira tarifária vermelha para o mês de setembro, deixando para trás a bandeira tarifária verde, que estava em vigência. Segundo o órgão, a mudança se deve ao risco hidrológico e o custo de geração de energia. O anúncio foi feito na sexta (30).
“A cobrança adicional da tarifa de energia elétrica é na casa dos 8%. É um impacto bastante relevante”, explicou Alexandre Maluf, economista da XP, que participou nesta segunda (2) do Morning call da XP.
Energia pesa no IPCA
“A gente tem que lembrar que energia elétrica no IPCA é o segundo item que mais pesa. São 4% de peso no IPCA. Isso pegou todo mundo de surpresa. A maior parte do mercado esperava bandeira vermelha 1, que teria impacto de 5%”, disse.
No entanto, segundo o economista, isso pode mudar. É que no sábado (31), o ONS (Operador nacional do Sistema Elétrico) e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, refizeram os cálculos com dados provenientes da Usina Termelétrica de Santa Cruz, no Rio de Janeiro.
“Com esses dados, chegaram a conclusão que havia inconsistência de anúncio de bandeira vermelha 2. A gente também refez esses cálculos e o correto é o anúncio de bandeira vermelha 1”, esclareceu.
Retificação diminui impacto inflacionário
Ainda não houve anúncio oficial de retificação, mas o impacto é considerável. “Com o cenário de bandeira vermelha 1, o IPCA de setembro fica em 0,42%, e com bandeira vermelha 2, 0,56%. A diferença é de 0,14% – é muito relevante”, explicou o economista.
“Vai ter essa retificação, que pode ser feita ainda em setembro”, complementou. A perspectiva da XP é de que o ano encerre com bandeira amarela.
“A bandeira amarela seria uma queda relevante em relação à bandeira vermelha 1 em quase 0,10%. E a expectativa é que volte para a bandeira verde em 2025 depois da estação chuvosa”, destacou.
Inflação benigna
Para Alexandre Maluf, no curto prazo, a inflação segue ainda relativamente benigna. A” gente tem uma inflação no Brasil como uma história que tem a área de serviços pressionada, justamente por conta de um mercado de trabalho aquecido”, ressaltou.
“A inflação de serviços tem rodado consistentemente em torno de 5%”, comentou. Segundo ele, o que tem se visto é uma desinflação no último trimestre, muito relacionada a parte de industriais.
“A gente tem essa história da China, de exportar deflação para o restante do mundo. A gente vê a inflação de industriais em torno de 1%, que é muito pouco e tem segurado a inflação cheia”, disse.
Serviços preocupa
“Mas a gente não vê arrefecimento em relação a serviços. A gente tem uma inflação de serviços bastante forte, refletindo esse dinamismo da atividade doméstica, e um recuperação da inflação de bens muito por conta do câmbio”, afirmou.
A projeção de IPCA para 2024 da XP é de 4,4% e em 2025, com alimentação bem-comportada, assim como industriais, por conta da Selic e desaceleração da economia global.
“Enquanto a inflação de serviços não deve ter muito alívio (em 2025). Ela deve ficar em 5,1% no ano que vem, com um cenário desancorado de expectativas e atividade bastante sólida”, complementou Alexandre Maluf. A XP projeta IPCA de 4% em 2025.
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