O time de analistas do Bank of America recomendou, em relatório divulgado nessa quarta-feira (24), a compra da compra do real, moeda brasileira, utilizando o iene japonês para financiamento. Segundo a equipe, liderada por Ezequiel Aguirre, a divisa brasileira atualmente está barata e deve se beneficiar dos diferenciais de juros e do crescimento econômico do Brasil.
Em primeiro lugar, a equipe de análise cita o fato de o Banco Central brasileiro ter “mudado recentemente o seu tom para uma postura mais hawkish”. Na sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) retirou a indicação de que realizará cortes futuros, sinalizando que a próxima reunião pode ser a última com baixa da Selic.
“O presidente do BC Roberto Campos Neto destacou o cenário global mais desafiador em meio a discussões sobre taxas mais altas por mais tempo nos EUA, enquanto enfatizava que a orientação de corte de taxa de 50 pontos-base está sujeita a reavaliação se as circunstâncias mudarem”, contextualiza o BofA. “As taxas reais de referência do Brasil já são as mais altas da América Latina e continuarão sendo até o final deste ano, segundo nossas previsões”.
Fora isso, o banco diz acreditar também que o crescimento econômico brasileiro “continuará surpreendendo positivamente”, apesar das recentes atualizações das previsões de consenso. “A baixa inflação e um mercado de trabalho apertado estão levando a ganhos salariais reais, o que impulsionará o consumo” debate.
Já os riscos políticos, na visão deles, diminuíram. Eles citam, como exemplo disso, a chegada a um acordo entre a administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o conselho da Petrobras para o pagamento extraordinário de 50% dos dividendos.
O BofA enxerga também que os recentes problemas levaram a uma desvalorização do real, que agora tornou-se uma moeda relativamente barata. Eles mencionam que os fundos locais, que eram comprados líquidos em real na ordem de US$ 16 bilhões no final de janeiro, reduziram essas posições pela metade, para US$ 8 bilhões. Já os fundos estrangeiros permanecem bastante líquidos em dólar.
Por fim, a instituição financeira expõe que o real pode se beneficiar de preços do petróleo mais altos – tendência que eles mencionam existir historicamente. Por ser um produtor da commodity, o Brasil, nessa situação, registra uma melhora da sua balança comercial. O BofA menciona ver o barril em US$ 90 no seu cenário base, tendendo para cima a depender de como a guerra no Oriente Médio se estender.
Fora isso, um petróleo mais alto tende a também enfraquecer o iene pelo lado do fluxo. Uma alta da commodity tende levar o Federal Reserve a manter suas taxas de juros mais elevadas, levando capital para os Estados Unidos, sendo que o país, usualmente, é um competidor direto do Japão entre as opções de investidores.
Por fim, há também o fato de a política monetária do Japão, atualmente, ser considerada muito expansionista.
Os dois riscos mais importantes para a operação são uma posição intervenção maior de Lula e a potencial intervenção do Japão nos mercados cambiais. “No Brasil, quaisquer novas quedas na popularidade do presidente Lula poderá levá-lo a considerar intervir em empresas estatais para aumentar os gastos, empréstimos e subsídios”, piorando os saldos orçamentais”, enquanto a política monetária no Japão é um risco para a operação em relação ao iene.
“No Japão, os principais riscos são que o banco central possa fazer uma alta adicional dos juros até junho e o Ministério das Finanças possa intervir diretamente nos mercados cambiais, o que limitaria a depreciação do iene”, avalia.
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