O início do quarto trimestre de 2023 apontava, no início da manhã, para ser de alívio para os mercados. Os índices futuros das principais bolsas dos EUA amanheceram em alta, isso após um acordo contra todas as probabilidades para evitar um shutdown (paralisação) do governo da maior economia do mundo acalmar os ânimos em Wall Street após uma semana de perturbações nos mercados provocadas pelas taxas de juros.
O impasse com relação ao ano orçamentário de 2024 – que tem início na virada de setembro para outubro – se estendeu até as últimas horas e tudo indicava que não seria possível chegar a um acordo, destaca a Levante Corp. No entanto, após negociações intensas, os republicanos mais conservadores cederam e aprovaram legislação que manterá o governo americano em pleno funcionamento até 17 novembro.
“Pesou, também, a memória negativa do último shutdown (2018-2019), ainda no governo Trump, que teve período recorde de 35 dias e teve impacto negativo generalizado para a economia dos EUA. Na história, já constam 21 interrupções no financiamento governamental desde 1976, sendo a primeira ocasião ainda no governo Carter. Até 1990, entretanto, os shutdowns duravam questão de horas até que Democratas e Republicanos chegassem a um acordo. A partir da década de 90, porém, as paralisações passaram a se estender por dias”, destacaram a equipe de analistas.
Com a sobrevida de 45 dias até o próximo shutdown, a Casa Branca e o Congresso esperam avançar no sentido de um acordo para o financiamento das atividades governamentais para o próximo exercício financeiro.
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Porém, após o alívio inicial, logo durante a manhã o mercado diminuiu os ânimos. Já às 13h (horário de Brasília), o Dow Jones caía 0,54% e o S&P500 tinha queda de 0,36%, sendo que o Nasdaq destoava a0 subir 0,36%. No Brasil, a queda é ainda mais significativa, com o Ibovespa em baixa de 1,26%, a 115.100 pontos, no mesmo horário. Já o dólar comercial subia 1%, a R$ 5,076 na compra e R$ 5,077 na venda.
Mas por que os mercados não persistiram em alta com o adiamento do shutdown?
Conforme destaca a Levante, para os mercados, o temor era de maiores estresses na curva de juros americana no caso de um shutdown prolongado, além da possível desaceleração mais acentuada da atividade econômica e impacto negativo em ações de companhias cuja operação passa pelos gastos governamentais – a exemplo de farmacêuticas e empreiteiras do setor de defesa.
No entanto, avaliam os analistas, a surpresa de um acordo também não representa grande alívio para os ativos financeiros, uma vez que: a) o impasse deve continuar, em meio a pressão de Republicanos por maiores cortes orçamentários; e b) a atenção dos investidores segue mais voltada à política monetária dos EUA e o elevado déficit fiscal.
“Portanto, a dor de cabeça política nos EUA não acabou, mas os políticos ganharam algumas semanas para tentar encontrar uma solução melhor”, observou o analista sênior do Swissquote Bank, Ipek Ozkardeskaya, em nota a clientes.
Por outro lado, está garantida a divulgação de dados econômicos referentes a setembro, o que não ocorreria caso o governo americano permanecesse em um apagão, avalia a Levante.
Falando em indicadores, um índice de atividade industrial mostrando um desempenho mais forte do que inicialmente previsto e outro dado sobre a atividade do setor superando as expectativas nos EU corroboraram a visão de juros altos por mais tempo nos EUA.
O yield do Treasury de dez anos – referência global para decisões de investimento – subia a 4,6516%.
Assim, as taxas dos contratos de DI por aqui acompanhavam o movimento dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos , conforme persistem as preocupações com um cenário de juros mais altos por mais tempo na maior economia do mundo.
(com Reuters)
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