A paralisia das atividades governamentais nos Estados Unidos, que já entra na terceira semana, e o recrudescimento das tensões comerciais entre EUA e China mantêm o cenário global de incertezas, mas sem provocar alterações relevantes nos mercados financeiros, segundo análise da consultoria 4intelligence.
Apesar do impasse político interno nos EUA e das disputas comerciais com a China, os mercados norte-americanos têm mostrado resiliência, sem grandes impactos nos ativos locais. No entanto, esses fatores têm aumentado a aversão global ao risco, contribuindo para a recuperação do dólar frente a outras moedas, após forte depreciação na primeira metade do ano. Desde julho, o dólar oscila sem mudanças significativas de patamar, conforme previsto pela consultoria.
No Brasil, o câmbio sofreu um aumento expressivo na última semana, com a maior alta semanal do dólar em 2025. Parte dessa desvalorização do real está ligada ao fortalecimento do dólar no mercado internacional, mas também reflete preocupações com riscos fiscais internos, especialmente após recentes decisões legislativas que aumentaram incertezas no cenário econômico doméstico.
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A 4intelligence destaca que o calendário eleitoral brasileiro tende a manter a volatilidade cambial elevada, devido ao maior ativismo dos governos federal e estaduais. Apesar disso, a inflação corrente e projetada apresenta uma trajetória mais favorável, embora ainda distante do centro da meta estabelecida pelo Banco Central.
A desaceleração da atividade econômica e da inflação, bem como a redução das expectativas inflacionárias, ainda não são suficientes para que o Comitê de Política Monetária (Copom) flexibilize a taxa básica de juros. A consultoria projeta que a Selic só começará a ser reduzida a partir de março de 2026.
No cenário internacional, a recuperação do dólar também foi influenciada por crises políticas e fiscais na França e no Japão, que enfraqueceram o euro e o iene, respectivamente. Além disso, as expectativas de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve nas próximas reuniões têm se consolidado, mesmo diante da paralisação das atividades federais nos EUA.
Para a 4intelligence, o fortalecimento recente do dólar não deve se intensificar, o que pode ajudar a aliviar, ainda que parcialmente, as pressões sobre ativos e moedas emergentes. Assim, a volatilidade no câmbio deve continuar, mas sem grandes alterações de patamar no curto prazo.
A 4intelligence projeta o dólar a R$ 5,45 ao fim de 2025 e a R$ 5,60 ao fim de 2026. Nesta quinta, a divisa operava na casa dos R$ 5,45.
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