Câmbio do jeito que está é chave para se criar um dissenso no Copom, diz Megale

Conteúdo XP

Caio Megale, economista-chefe da XP, participou nesta terça-feira (30) do Morning call da XP, e comentou sobre a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que se realiza hoje a amanhã (31).

”Os fundamentos estão muito voláteis. É muito cedo para dizer que tem que subir a taxa de juros. Não acho que vai haver dissenso (na decisão do Copom nesta reunião). Vai vir uma decisão unânime”, avaliou.

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Câmbio e Copom

“Mas ao longo do tempo a gente pode voltar a ter dissenso. Acho que o câmbio é chave nisso. Se o câmbio ficar em R$ 5,80, vai ter unanimidade em subir (os juros). Se ele voltar para R$ 5,40, a unanimidade vai ser pela manutenção. Mas se ficar nesse meio do caminho que a gente tem hoje, inflação incomodando, expectativa (da inflação) subindo, a gente pode ter dissenso (no Copom)”, disse.

Caio Megale crê que o cenário desta reunião do Copom vai ser de manter o discurso de que 10,50% é suficiente para trazer a inflação à meta ao longo do tempo, mas, caso necessário, “pode se fazer mais” em algum momento à frente – ou seja, possível aumento da Selic.

Para o economista, são vários elementos que vão pautar a decisão do Copom de manutenção dos juros em 10,50% ao ano, na reunião desta semana. Ele vê possibilidade de deixarem a “porta aberta” para possível aumento da taxa.

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Afastamento da meta de inflação

“As projeções de inflação estão subindo no relatório Focus e eles vão publicar na ata que ela está subindo, se afastando um pouco mais da meta de 3%”, disse.

Megale explicou que as projeções de inflação estão subindo porque a atividade econômica segue bastante forte. “A gente tem todos os indicadores de demanda final, incluindo consumo, investimento, saindo mais forte do que o esperado. O crédito está voltando a acelerar e taxa de câmbio se depreciou de forma importante entre as duas reuniões (do Copom). O real desvalorizado aumenta custo de produção, aumenta os preços de itens importados e gera inflação de curto prazo”, comentou.

O economista-chefe da XP apontou também preocupação com as contas públicas, que seguem desequilibradas, com a dívida pública crescendo. “Isso gera pressões de inflação por diversas razões, alimentando atividade forte, gerando incerteza sobre sustentabilidade fiscal”, disse.

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Histórico ruim

“A gente tem um longo histórico no Brasil relacionado ao desequilíbrio fiscal. A arrecadação está crescendo, fizeram um bloqueio significativo das despesas, mas, ainda assim, faltam detalhes, não se tem certeza se vão conseguir equilibrar as contas”, complementou.

Caio Megale, no entanto, vê as projeções de inflação ainda em patamares “não estratosféricas, acima da banda de tolerância, mas estão acima da meta (de inflação)”.

“Das nossas contas, o câmbio em R$ 5,50, as commodities caíram um pouco, o Fed (Federal Reserve; banco central dos EUA) vai começar a cortar os juros, pode ser que (o Copom) deixe um tempo para inflação ir à meta”, analisou.

“Entre um cenário alternativo de queda de juros e alta de juros, o que parece mais provável esse ano é de alta de juros”, concluiu.

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