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O real desvalorizou em relação ao dólar quase 12% no ano, 9% nos últimos três meses e quase 6% nos últimos 30 dias. Trata-se de uma rápida mudança do câmbio e que afetou principalmente as mercadorias globais com forte produção no Brasil.
Samuel Isaak, analista de commodities no Research da XP, participou nesta quarta-feira (26) do programa Morning call da XP, e vê o movimento de alta do dólar no país como “uma faca de dois gumes” para o agronegócio.
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Câmbio: lado positivo e negativo
“Do lado positivo, como as commodities (do agro) são negociadas a nível internacional, primariamente em dólar, isso eleva o preço aqui no Brasil. Isso favorece as exportações brasileiras de açúcar, de carnes, de grãos”, destacou.
“Do lado negativo, a gente tem principalmente a importação de insumos para a produção agrícola. O Brasil depende muito da importação de fertilizantes, inseticidas, fungicidas, herbicidas. Esses produtos acabam ficando mais caro”, ressaltou.
Ele ressalta que os preços internacionais já vinham caindo em dólar. “Para os produtores de grãos no Brasil, principal efeito dessa desvalorização cambial é que traz mais competitividade aos exportadores de commodities”, afirmou.
Para o analista, essa variação é uma oportunidade para os produtores. “A gente tem visto um aumento das negociações de soja e milho por conta da desvalorização (do câmbio), com os produtores aproveitando esse cenário”, disse.
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Queda de preço nos EUA
O analista comentou também que nos Estados Unidos os preços de soja, milho e trigo vêm caindo na Bolsa de Chicago devido ao clima mais favorável.
“Até o momento, as condições de lavoura e os níveis de umidade do solo estão todos positivos, mas os meses cruciais para essa safra são julho e agosto”, mencionou.
“Então, o mercado pode passar por volatilidade se tiver virada da projeção do tempo nos Estados Unidos”, acrescentou.
Discussão sobre antidumping
Já em relação à proteína animal, a grande discussão do momento é uma investigação antidumping da China sobre importação de carne da União Europeia.
“É algo que não trouxe ainda impacto para o mercado, mas há expectativa de talvez a China colocar um tipo de tarifa contra as exportações de carne suína da Europa, que é um grande produtor dessa proteína, e a China, o maior consumidor dessa proteína”, explicou.
“Isso impactaria não só o mercado de carne suína, mas todas as proteínas a nível global”, avaliou.
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De olho na cana-de-açúcar
Sobre o mercado de açúcar e etanol, o analista da XP afirmou que o mercado está de olho na safra no Brasil e a evolução das chuvas na Índia – os dois maiores produtores de cana-de-açúcar no mundo.
“No Brasil, já está se colhendo há alguns meses a safra 2024-25, e a produtividade das lavouras vem surpreendendo um pouco para baixo”, disse, mas acrescentando que a expectativa é de melhora.
“Na Índia, que não está colhendo ainda a cana, as chuvas vêm um pouco abaixo da média histórica, mas é cedo para falar os seus efeitos”, completou.
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