Os mercados responderam inicialmente, na semana passada, de forma positiva à votação no primeiro turno nas eleições gerais do Brasil (com alta do Ibovespa, queda dos juros e do dólar). Isso à medida em que, na avaliação dos agentes financeiros, houve uma queda nas chances de uma mudança desestabilizadora em direção a uma política econômica heterodoxa no Brasil, conforme destaca o Goldman Sachs.
Na avaliação do banco americano, é possível que o real e as taxas de referência se fortaleçam caso o resultado do segundo turno seja reconhecido por ambos os candidatos à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
Os resultados do primeiro turno (com uma distância menor entre os dois candidatos e um Congresso mais conservador), avalia o Goldman, foram percebidos como não necessariamente uma redução da probabilidade de uma vitória de Lula, mas potencialmente uma diminuição da probabilidade de uma mudança desestabilizadora em direção a uma política (fiscal) heterodoxa no Brasil.
“A eleição desbloqueou parcialmente um ciclo virtuoso no câmbio e nos juros locais. E, em nossa opinião, a escala dos movimentos do mercado desde o primeiro turno também indica que alguns investidores macro podem estar à espera de uma redução na incerteza eleitoral antes de um envolvimento mais ativo com uma narrativa macroeconômica mais positiva no Brasil”, apontaram em relatório os estrategistas Ian Thomb e Davide Crosilla.
Até agora, apontam, os mercados digerem um acirramento ainda maior na disputa, conforme mostram algumas pesquisas desde o primeiro turno do Brasil.
Não está necessariamente claro que uma corrida acirrada esteja livre de riscos, avaliam: em particular, os mercados agora provavelmente terão mais semanas de volatilidade até o dia 30 de setembro [dia da votação do 2º turno], uma campanha de outubro bem competitiva, em vez do que muitos supunham ser uma conclusão em primeiro turno, e de haver o potencial para mais questionamentos sobre se a votação final será respeitada.
“Embora os mercados tenham respondido positivamente a um aperto moderado nas pesquisas, o aumento do risco principal pode gerar mais volatilidade nos ativos brasileiros durante outubro”, avaliam os estrategistas.
Passados esses riscos, Thomb e Crosilla apontam que estão otimistas com as perspectivas de ativos brasileiros.
“Se um resultado no segundo turno do Brasil, em 30 de outubro, for reconhecido por ambos os lados e continuar a sugerir um risco de cauda de esquerda moderado para a política nacional, há espaço para um rali adicional dos ativos”, avaliam.
Os estrategistas também destacam que o prêmio de risco do real ainda está em torno de 20%. Eles apontam ainda que o câmbio doméstico deve se beneficiar do alto patamar de juros no Brasil, levando em conta que a Selic deve ficar inalterada por um período prolongado, mesmo que o processo de desinflação continue.
O mercado de juros também deve se beneficiar das mudanças em curso no câmbio brasileiro, “uma vez que a força do real – uma das poucas moedas importantes que superou o dólar no acumulado do ano – ajuda a arrefecer ainda mais o quadro da inflação brasileira, que já está dissociada de outros emergentes”, avaliam os estrategistas.
Os especialistas do banco observam que a reação do mercado foi mais moderada, o que sugere a chance de um rali pós-eleição mais intenso. A recomendação é de posições aplicadas em juros futuros para janeiro de 2025, que pode cair abaixo de 11%.
Também deve haver impacto no mercado de ações. “O ciclo virtuoso do Brasil nos mercados de câmbio e de juros pode ter repercussões no mercado de ações, onde reiteramos nossa recomendação de permanecermos comprados nos ativos cíclicos contra os defensivos”, afirmam.
nuamos até outubro.
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