SÃO PAULO – Com uma visão mais negativa do ambiente doméstico e de olho também na combinação de retomada cíclica com aumento das taxas longas de juros no exterior, Luis Stuhlberger resolveu aumentar o nível de proteção do lendário fundo Verde.
“A situação está mais complicada, e decidimos aumentar as proteções do portfólio, especialmente no câmbio”, afirmou, em carta aos cotistas referente ao mês de fevereiro e divulgada nesta sexta-feira (05).
Ainda que outros ativos brasileiros também sintam os efeitos do aumento do prêmio de risco, a Verde Asset destacou que a desvalorização acentuada do real é a métrica mais óbvia das consequências das escolhas que estão sendo tomadas em termos de empobrecimento do país.
Três aspectos foram ressaltados na carta, em referência às escolhas sobre vacinação (e o risco de um colapso do sistema de saúde brasileiro), expansão de gastos e comportamento da população durante a epidemia.
A Verde ressaltou que o governo “falhou miseravelmente” em adquirir as vacinas da Pfizer, Moderna, Johnson & Johnson e que o atraso em proteger a população tem consequências “óbvias” tanto em termos de vidas quanto econômicos.
“É inacreditavelmente mais barato comprar vacinas do que fazer mais gastos fiscais – que vem com endividamento, mais inflação, juros mais altos etc.”, diz a Verde, no documento.
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As preocupações fiscais também estão presentes na comunicação deste mês com os cotistas. A gestora considera as discussões recentes sobre um novo pagamento de auxílio emergencial e a abertura de espaços no teto de gastos para o Bolsa Família um “potencial tiro mortal no arcabouço fiscal brasileiro, que trouxe inúmeros benefícios, especialmente ao possibilitar que o país tenha uma taxa de juro mais civilizada”.
E as atitudes demonstradas por boa parte da população brasileira contra o isolamento, com a frequência de eventos com grande potencial de transmissão do vírus, fecham o trio de questões abordadas em destaque pela Verde na carta. “Não é à toa que a aceleração da contaminação se dá após festas de fim de ano e Carnaval.”
O fundo Verde teve perda de 0,24% em fevereiro, quando o CDI teve variação de 0,13%. A alocação em ações brasileiras e, em menor medida, na posição aplicada (que ganha com a queda das taxas) em juro real pesaram sobre o desempenho.
De outro lado, ganhos com posições tomadas (que se beneficiam da alta dos prêmios) em taxas de juros longas na Europa e nos EUA, em bolsa global e “comprada” (com aposta na valorização) em dólar ajudaram a conter a queda do mês.
No bimestre, o fundo rende 0,43%, acima da variação de 0,28% do CDI.
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