Dólar à vista tem leve baixa e renova mínima em mais de um ano com estímulos na China e dados de inflação nos EUA

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar à vista deu continuidade nesta terça-feira ao movimento mais recente de queda ante o real no Brasil, com as cotações reagindo a notícias sobre o estímulo econômico anunciado na China e sobre a desaceleração de preços nos EUA.

O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,8622 na venda, com baixa de 0,12%. Esta é a menor cotação de fechamento desde 6 de junho do ano passado, quando encerrou a R$ 4,7959.

Na B3, às 17h16 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,07%, a R$ 4,8785.

No início do dia, a moeda norte-americana reagia ao anúncio de que o Banco do Povo da China cortou sua taxa de recompra reversa de sete dias em 10 pontos-base, para 1,90%, injetando 2 bilhões de iuanes (279,97 milhões de dólares) no sistema. Foi a primeira redução desta taxa de empréstimo de curto prazo em dez meses, com o objetivo de restaurar a confiança do mercado e sustentar a recuperação do país no pós-pandemia.

Como de costume, o estímulo anunciado pela China favoreceu as moedas de países exportadores de commodities, como o real brasileiro, colocando o dólar em queda.

Esta tendência de baixa para o dólar foi amplificada a partir das 9h30, quando o Departamento do Trabalho dos EUA anunciou que o índice de preços ao consumidor(CPI, na sigla em inglês) aumentou 0,1% em maio, depois de avançar 0,4% em abril. Nos 12 meses até maio, o índice subiu 4,0%, menor patamar nessa base de comparação desde março de 2021, após o aumento de 4,9% em abril.

Os dados reforçaram a ideia de certa acomodação dos preços, o que abriria espaço para o Federal Reserve interromper — pelo menos neste mês — o atual ciclo de alta dos juros nos EUA.

“O mercado tinha que o CPI podia mudar o pano de fundo da decisão do Fed nesta quarta-feira, mas ele confirmou as expectativas de desaceleração da inflação. Assim, o CPI não estragou o rali recente da renda variável lá fora e garantiu a queda do dólar de forma geral nesta terça-feira”, comentou o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado.

“Os dados da China favoreceram moedas de exportadores de commodities e as próprias commodities”, acrescentou.

Na cotação mínima do dia, às 10h05, a moeda norte-americana atingiu R$ 4,8481 (-0,41%). Cerca de uma hora depois, às 11h15, a divisa atingiu a máxima de R$ 4,8800 (+0,24%), mas o mercado foi novamente incapaz de sustentar uma alta para o dólar.

A moeda acabou retornando para o campo negativo, dando continuidade ao movimento mais recente de queda ante o real, influenciado pelo exterior e com agentes do mercado retirando prêmios de risco das cotações em função do otimismo em torno do andamento do novo arcabouço fiscal no Brasil.

Na reta final dos negócios com a moeda à vista, porém, o dólar se reaproximou da estabilidade.

“Os dados de inflação nos EUA confirmaram as apostas de que o Fed deve manter os juros nesta quarta-feira. Por conta disso, vimos esta queda do dólar pela manhã. Mas estamos ainda em um ambiente de expectativa e cautela por conta da decisão do Fed”, ponderou a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest.

No exterior, no fim da tarde, a moeda americana seguia em queda ante o dólar canadense, o peso chileno e o peso mexicano.

Às 17h16 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,29%, a 103,280.

No Brasil, pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de agosto.

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