SÃO PAULO (Reuters) – O dólar subia na manhã desta terça-feira, ganhando ainda mais terreno depois de na véspera ter fechado acima de R$ 5 pela primeira vez em mais de quatro meses, conforme investidores se mostravam cautelosos no primeiro dia de reuniões dos bancos centrais de Brasil e Estados Unidos.
Às 10h10 (de Brasília), o dólar à vista subia 0,41%, a R$ 5,0459 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,13%, a R$ 5,0455 na venda.
Esse comportamento estava em linha com o visto no exterior, onde o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,30%, a 103,890.
O Federal Reserve dá início nesta terça-feira ao encontro de política monetária de dois dias em que deve manter os juros, de acordo com previsões de mercado. Investidores ficarão atentos a pistas das autoridades do Fed sobre seus próximos passos, num momento em que muitos operadores têm adiado apostas sobre quando o banco central fará um primeiro corte na taxa devido à resiliência da inflação nos EUA.
Junto com o comunicado de política monetária, o Fed divulgará na quarta-feira seu chamado “gráfico de pontos”, que reúne projeções das autoridades para variáveis como inflação, crescimento, e, mais importante para os mercados neste momento, os juros básicos.
“Se você tem taxa de juros alta lá nos Estados Unidos –que seria o paraíso em relação ao risco, um lugar onde você tem menos risco com uma taxa de juros alta– você tem a tendência forte de que o fluxo se concentre ali. Por isso que a gente vê essa alta (do dólar) nos últimos dois, três meses; porque as previsões de queda da taxa de juros nos EUA acabaram sendo postergadas”, disse Diego Faust, operador da Manchester Investimentos.
Depois de chegarem a apostar que o Federal Reserve cortaria os juros em março, os mercados futuros dos EUA adiaram essa projeção para maio e depois para junho, e agora mesmo essa possibilidade perdeu espaço, com apenas 55% dos operadores esperando o início do afrouxamento no final deste primeiro semestre.
Nesse contexto, a moeda norte-americana à vista avançou 0,54% na véspera, a R$ 5,0254 na venda, encerrando um pregão acima da marca psicológica de R$ 5 pela primeira vez desde 31 de outubro de 2023.
Segundo participantes do mercado, a superação desse patamar pode atrair nova ondas de compras de dólar daqui para frente, conforme gatilhos técnicos em torno da marca de R$ 5 são acionados.
No Brasil, o Banco Central também terminará seu encontro de política monetária na quarta-feira, com ampla expectativa de novo corte de 0,50 ponto percentual da Selic, a 10,75%, mas com dúvidas sobre se a autarquia manterá a orientação de manutenção desse ritmo de afrouxamento nas “próximas reuniões”, mostrou pesquisa da Reuters com economistas.
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