Dólar cai a R$ 4,91 na esteira da baixa dos rendimentos dos Treasuries

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar à vista emplacou nesta quinta-feira a terceira sessão consecutiva de baixa ante o real, acompanhando o recuo da moeda ante boa parte das demais divisas no exterior, na esteira da queda dos rendimentos dos Treasuries, após novos dados do mercado de trabalho dos EUA e em meio a preocupações em torno dos bancos regionais norte-americanos.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9150 reais na venda, em baixa de 0,47%. Em três sessões, a moeda acumulou queda de 0,74%.

Na B3, às 17:13 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,69%, a 4,9270 reais.

O mercado de câmbio abriu a sessão com investidores ainda digerindo a decisão de política monetária do Federal Reserve na quarta-feira, na qual a instituição anunciou a manutenção de sua taxa de juros de referência na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano — como esperado — e descartou a possibilidade de novos aumentos de juros.

Ao mesmo tempo, o Fed adotou uma postura cautelosa em relação ao início do ciclo de cortes de juros, o que elevou a percepção no mercado de que a primeira redução ocorrerá em maio — e não em março, como vinha sendo largamente precificado.

Essa percepção deu força ao dólar no início do dia: a moeda à vista marcou a cotação máxima de 4,9700 reais (+0,64%) às 9h05.

Durante a manhã, porém, o Departamento do Trabalho dos EUA informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 9 mil, para 224 mil, ajustados sazonalmente, na semana encerrada em 27 de janeiro. Os economistas haviam previsto 212 mil pedidos para a última semana.

Os números sugerem que o mercado de trabalho dos EUA pode estar esfriando, o que abriria espaço para a queda dos juros, trazendo um viés de baixa para o rendimento dos Treasuries nesta quinta-feira. Isso acabou por pesar também na relação do dólar ante outras divisas, incluindo o real.

“Eu mencionaria também alguma preocupação do mercado com o sistema bancário americano. Tem banco regional lá de novo inspirando atenção”, pontuou durante a tarde o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo. “O balanço de um dos bancos trouxe apreensão, impulsionando então a compra de títulos e botando pressão nas taxas dos Treasuries, que respondem para baixo diante do aumento de demanda.”

Segundo Bergallo, a queda do dólar no mercado global esteve “absolutamente em linha” com a baixa dos retornos dos Treasuries.

Na quarta-feira, o New York Community Bancorp surpreendeu o mercado ao relatar problemas em seu portfólio de imóveis comerciais, renovando os temores sobre a saúde do setor bancário norte-americano. O Índice Bancário Regional KBW desabou.

Neste cenário, o dólar à vista virou para o negativo no Brasil e marcou a mínima de 4,9125 reais (-0,52%) às 16h08.

No fim da tarde, o dólar também seguia em baixa no exterior ante as divisas fortes e em relação a boa parte das moedas de países emergentes e exportadores de commodities.

Às 17:13 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,55%, a 103,040. Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de abril.

À tarde, o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total positivo de 6,355 bilhões de dólares em janeiro até o dia 26. Pelo canal financeiro, houve entradas líquidas de 3,766 bilhões de dólares e, pela via comercial, entradas de 2,589 bilhões de dólares.

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