Dólar cai mais de 1% e volta a operar abaixo de R$ 5, com dados dos EUA e audiência com Haddad e Campos Neto no radar

O dólar caía frente ao real nesta quinta-feira (27), com investidores digerindo dados mais fracos do que o esperado sobre o desempenho da economia norte-americana no primeiro trimestre, enquanto monitoram debate no Senado com participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Às 14h25 (horário de Brasília), o dólar comercial caía 1,16%, a R$ 4,998 na compra e R$ 4,999 na venda, depois de atingir uma mínima de R$ 4,993.

O crescimento econômico dos Estados Unidos desacelerou mais do que o esperado no primeiro trimestre, apesar do aumento nos gastos do consumidor, e a atividade deve se moderar ainda mais à medida que os efeitos da taxa de juros mais alta se espalham.

O PIB norte-americano cresceu a uma taxa anualizada de 1,1% no último trimestre, informou o Departamento de Comércio. A economia havia crescido a um ritmo de 2,6% no quarto trimestre. Economistas consultados pela Reuters previam avanço do PIB a uma taxa de 2,0%.

O dado mais fraco do que o esperado tende a sustentar esperanças de que o Federal Reserve seja mais brando do que o esperado na condução da política monetária. Num geral, após a leitura, persistiu a visão majoritária do mercado de que o banco central dos EUA elevará os juros em 0,25 ponto percentual uma última vez em seu encontro da semana que vem.

O Citi disse em relatório desta quinta-feira que mantém “um viés positivo sobre os nomes de alto rendimento do mercado de câmbio emergente, uma vez que a volatilidade deve permanecer contida nos trechos finais do ciclo do Fed, embora o posicionamento esticado possa exigir um período de consolidação”.

No Brasil, o Plenário do Senado promovia sessão de debates temáticos, com a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad; da ministra do Planejamento, Simone Tebet; e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, embora este último esteja em período de silêncio antes da reunião de política monetária da semana que vem.

A expectativa é de que a taxa Selic seja mantida nos atuais 13,75% no encontro, nível elevado que deixa o real atraente para investidores estrangeiros, mas que também tem gerado fortes críticas do governo por restringir a atividade econômica e a oferta de crédito.

Ao lado de Campos Neto em debate no Senado, Haddad afirmou nesta quinta-feira que o país terá problemas fiscais se a economia continuar desacelerando como resultado da condução da política monetária, e pediu “harmonização” entre ações do governo e do BC.

Na mesma sessão, Campos Neto voltou a pregar persistência no combate à alta de preços, defendeu o sistema de metas de inflação e justificou o atual nível dos juros, argumentando que as taxas altas são efeito do nível alto da dívida pública, e não sua causa.

(com Reuters)

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