SÃO PAULO (Reuters) – O dólar à vista fechou a terça-feira em baixa ante o real, acompanhando o recuo da moeda norte-americana ante outras divisas no exterior, onde os mercados reagiram positivamente ao corte de juros para o setor imobiliário realizado pela China.
O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,9319 na venda, com queda de 0,61%. Em fevereiro, a moeda norte-americana acumula baixa de 0,13%.
Na B3, às 17:13 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,55%, a R$ 4,9355.
No início do dia, a China anunciou a maior redução já registrada em sua taxa de referência para hipotecas, com as autoridades buscando sustentar o mercado imobiliário e a economia em geral.
O corte de 25 pontos-base na taxa primária de empréstimos (LPR) de cinco anos foi o maior desde que ela foi adotada, em 2019, e ficou acima das expectativas dos economistas, que esperavam redução de 5 a 15 pontos-base.
A LPR de cinco anos foi reduzida de 4,20% para 3,95%, enquanto a LPR de um ano seguiu em 3,45%. A maioria dos empréstimos novos e pendentes na China tem como base a LPR de um ano, enquanto a taxa de cinco anos influencia o preço das hipotecas.
“A medida tem um objetivo claro: dar impulso ao setor imobiliário chinês. Porém, é bom ter claro que essa taxa vale apenas para os novos empréstimos e só se aplicará para o estoque existente de financiamentos em janeiro de 2025”, pontuou Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, em comentário enviado a clientes.
“De qualquer forma, não deixa de ser uma boa notícia, e as autoridades já manifestaram que as taxas para empréstimos ainda têm espaço para quedas adicionais”, acrescentou.
Assim, mais do que o corte de juros para o setor imobiliário em si, a decisão da China elevou a expectativa de que o gigante asiático possa adotar outras medidas para estimular a economia, o que traria reflexos favoráveis para as divisas de países exportadores de commodities.
Neste cenário, o dólar cedia ante as divisas fortes e em relação à maioria das moedas de exportadores de commodities e emergentes, incluindo o real.
Após ter marcado uma cotação máxima de R$ 4,9664 (+0,09%) às 9h57, o dólar à vista cedeu para uma mínima de R$ 4,9250 (-0,75%) às 14h58.
“Essa história de a China cortar os juros em 25 pontos-base fez preço, porque é um valor que o mercado não esperava. O mercado esperava um corte muito menor”, comentou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik. “Muita gente desmontou posição defensiva (no dólar), e ele foi para perto de R$ 4,92”, acrescentou.
No restante da tarde, houve certa recuperação da moeda norte-americana ante algumas divisas no exterior, mas ainda assim o viés principal era de queda.
Internamente, as atenções se voltavam para as discussões, dentro do governo, em torno da proposta para reoneração da folha de pagamentos dos setores hoje beneficiados.
No exterior, o dólar se mantinha em baixa ante as divisas fortes no fim da tarde.
Às 17:13 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,23%, a 104,060.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de abril.
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