SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou com variação discreta nesta segunda-feira e em tom mais fraco do que no começo do dia, conforme operadores locais acompanharam a perda de força da moeda no exterior em meio a dúvidas acerca do apelo do ativo num cenário de inflação em alta e juros baixos nos EUA.
O foco dos agentes financeiros está na quarta-feira, quando o banco central norte-americano, conhecido como Fed, divulgará a ata de sua reunião de política monetária de abril.
O dólar vem mostrando fraqueza em todo o mundo mais recentemente pela interpretação de que a inflação está ganhando ritmo nos EUA em meio aos massivos estímulos monetários e fiscais.
Períodos de inflação em alta geralmente beneficiam o dólar por virem acompanhados de expectativa de aumentos dos juros norte-americanos. No entanto, o mercado não embarcou em apostas de mais juros no curto prazo, já que o Fed tem dito que manterá as taxas baixas por mais alguns anos.
Com esse pano de fundo, o dólar vê seu valor corroído pela elevação das expectativas de inflação, que por sua vez derruba a taxa real de juros, minando a atratividade da moeda como opção de investimento.
Na ata do Fed a ser divulgada na quarta, investidores vão buscar saber se o banco central manterá com a mesma assertividade o compromisso de juros baixos com entendimento de inflação transitória.
O debate sobre o dólar no mundo ocorre enquanto no Brasil a moeda parece estar em terreno excessivamente vendido depois da queda de 9,7% entre a máxima de 13 de abril, acima de 5,76 reais, e a mínima do último dia 10 (5,2065 reais).
O BTG Pactual vê como suportes mais próximos as taxas de 5,2735 reais e 5,2065 reais. O índice de força relativa de 14 dias –uma medida de quão excessivamente fraco ou forte um ativo está– ronda 36. Patamares em torno de 30 costumam ser vistos como indicativo de que um ativo (no caso, o dólar) está excessivamente fraco, o que pode abrir espaço para compras de oportunidade.
No fechamento do mercado à vista nesta segunda, o dólar teve variação negativa de 0,09%, a 5,2665 reais na venda. Ao longo do dia, oscilou de 5,3212 reais (+0,95%) –ainda no começo do pregão– a 5,2462 reais (-0,47%), por volta de 14h.
O dólar cai 3,04% em maio, o que deixa o real na vice-liderança entre as moedas de melhor desempenho no mês, atrás somente do florim húngaro, com ganho de 3,6%. Dados da agência norte-americana que regula os mercados futuros mostraram que fundos e especuladores dos Estados Unidos ficaram comprados em real (apostando na alta da moeda brasileira) pela primeira vez em quase dois anos.
Isso não significa, porém, que haja visão estruturalmente otimista em relação à taxa de câmbio.
O UBS, por exemplo, avalia que o interesse pelo real para operações de “carry trade” permanece baixo, afetado por uma perspectiva de ambiente político-fiscal ainda “volátil e desafiador” no Brasil.
“Em resumo, estamos (UBS) falando em uma postura neutra. Não estamos tão convictos sobre o Brasil neste momento e estamos no modo esperar para ver como as dinâmicas domésticas vão se desenrolar”, disse Alejo Czerwonko, chefe de investimentos para América Latina e emergentes do banco privado.
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