SÃO PAULO (Reuters) – O dólar à vista fechou praticamente estável ante o real nesta sexta-feira, numa sessão em que as cotações foram influenciadas por declarações do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, e pela venda da moeda norte-americana por participantes do mercado que buscavam embolsar ganhos com a alta.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8751 reais na venda, com baixa de 0,09%. Na semana, a moeda norte-americana acumulou queda de 1,84%.
Na B3, às 17:16 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,08%, a 4,8850 reais.
No início do dia, os investidores reagiam à divulgação de novos números de inflação no Brasil. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) registrou alta de 0,28% em agosto. A leitura do indicador considerado prévia da inflação oficial, medida pelo IPCA, ficou bem acima da expectativa em pesquisa da Reuters, de avanço de 0,17%.
Uma das leituras no mercado foi de que uma inflação mais acelerada que o esperado reduz as chances de o Banco Central aumentar o ritmo de cortes da taxa básica Selic, atualmente em 13,25% ao ano. Assim, o diferencial de juros entre Brasil e exterior não diminuiria tanto em um primeiro momento, o que manteria o país atrativo ao capital internacional.
Neste cenário, o dólar à vista marcou a cotação mínima de 4,8570 reais (-0,46%) às 9h09.
Ao longo da manhã, porém, o dólar foi recuperando o fôlego, em sintonia com o exterior e com investidores à espera da fala de Powell no simpósio de Jackson Hole, nos EUA, após as 11h. Ele afirmou que o Fed pode precisar aumentar ainda mais a taxa de juros para garantir que a inflação seja contida nos EUA.
Powell disse ainda que as autoridades do Fed “procederão com cuidado ao decidirmos se devemos apertar mais” a política monetária, mas também deixou claro que a instituição ainda não concluiu que sua taxa básica de juros está alta o suficiente para garantir que a inflação retorne à meta de 2%.
Após os comentários de Powell, o dólar ganhou força em todo o mundo. No Brasil, a moeda norte-americana à vista marcou a máxima de 4,9020 reais (+0,46%) às 11h39.
“Powell foi agressivo”, opinou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik. “Após sua fala, as apostas de alta de juros, ou de que as taxas vão demorar a ser cortadas, aumentaram. Isso favorece o dólar”, acrescentou.
Porém, com a moeda norte-americana perto dos 4,90 reais, segundo Rugik, exportadores aproveitaram para vender divisas e investidores comprados no mercado futuro (posicionados na alta da moeda) também realizaram parte dos lucros.
Com isso, o dólar foi novamente conduzido para o território negativo no Brasil. O movimento coincidiu com a perda de força da moeda norte-americana também no exterior, em meio a dúvidas sobre o rumo dos juros nos EUA.
“A fala de Powell foi um pouco ambígua”, avaliou o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo. “Ele disse que o Fed está pronto para elevar mais os juros se necessário, mas que pode agir com cautela.”
No exterior, no fim da tarde o dólar oscilava muito perto da estabilidade ante divisas fortes e tinhas sinais mistos ante moeda emergentes.
Às 17:16 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,08%, a 104,160.
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