O dólar se valorizou 1,01% frente ao real nesta quinta-feira (23), fechando a R$ 5,29 na compra na venda.
De certa forma, a movimentação acompanhou um pouco o que foi visto no exterior. O DXY, que mede a força do dólar frente a outras divisas de países desenvolvidos, avançou 0,20%, negociado nos 102,55 pontos. Mas alta frente ao real foi além principalmente por causa de questões internas.
“O real começou a sofrer com a postura do Banco Central. Há alguns players que estavam apostando na queda de juros e, como ela não vem, há um movimento de saída, de risk off”. comenta Rodrigo Jolig, co-CEO e diretor de investimentos na Alphatree Capital. “Acho que a leitura seja que o Banco Central talvez esteja sendo duro demais”.
A curva de juros brasileira avançou em bloco após nesta quinta, repercutindo a decisão do Comite de Política Monetária (Copom). As taxas dos DIs para 2024 ganharam 17,5 pontos-base, a 13,18%, as dos DIs para 2027, 9,5 pontos, a 12,85%, e as dos DIs para 2031, 11 pontos-base, a 13,12%.
“O avanço dos juros futuros e as críticas do governo sobre o nível da Selic também pressionaram o real, que foi a pior moeda globalmente. A ponta curta da curva de juros subiu, precificando o tom hawkish do Copom e a retomada das tensões entre governo e BC”, expõe Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subiu o tom contra Roberto Campos Neto, afirmando que ele precisa “seguir a lei”. A ideia do PT, de acordo com o que tem circulado pelo mercado, é pressionar a saída de RCN no Senado.
“A interpretação para o câmbio é mais dúbia do que a para a Bolsa. Há atrito. A decisão gera incerteza entre os poderes, mas se o Fed diminuir o juros, o carry trade no Brasil é beneficiado”, destaca Pedro Canto, analista CNPI da CM Capital.
Ricardo Jorge, sócio da Quantzed, menciona que o carry trade, por ora, está mais fraco do que anteriormente uma vez que o Fed ainda está elevando dos juros.
“Um dos fatores que influencia na variação do câmbio é exatamente a taxa de juros nos Estados Unidos. Ontem a gente teve a decisão do Fed que subiu a taxa em 0,25 ponto, desacelerando o aperto monetário por conta da crise bancária que temos acompanhado nos Estados Unidos”, explica o especialista. “Essa relação entre juros e câmbio está ligada ao interesse dos investidores por fazer aplicações. Se há uma taxa de juros menos atrativa ou uma taxa de juros que tende a ser menos atrativa por conta de uma não alta ou uma diminuição da taxa de juros, é natural que as pessoas busquem investimentos melhores em outros lugares que não sejam os Estados Unidos. Isso faz com que o dólar se desvalorize”.
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