Dólar recua frente ao real com ajuste após alta recente, de olho em Fed e Copom

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar tinha leve queda frente ao real nesta terça-feira, ajustando-se em linha com a estabilização da moeda norte-americana no exterior após salto recente, com o foco em falas de dirigentes do Federal Reserve e após o Banco Central reforçar cautela com o afrouxamento monetário no Brasil em ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada mais cedo.

Às 9:58 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,17%, a 4,9735 reais na venda.

Na B3, às 9:58 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,29%, a 4,9825 reais.

Boa parte do comportamento do câmbio nesta manhã era atribuída a fatores técnicos por participantes do mercado, depois de na véspera a divisa norte-americana ter superado os 5 reais nas máximas intradia, antes de fechar o dia cotado a 4,9818 reais na venda, em alta de 0,32%.

Esse aumento, por sua vez, veio depois que o chair do Fed, Jerome Powell disse no domingo que o Federal Reserve deve ser “prudente” ao decidir quando reduzir sua taxa básica de juros.

“Depois daquela forte alta do dólar que teve, após a fala do Powell e o resultado da criação de emprego nos Estados Unidos, houve aquela pancada ontem — provavelmente bateu ‘stop’ em muitas posições, dólar passou dos 5, e hoje está se ajustando”, explicou Hideaki Iha, operador de câmbio da Fair Corretora.

“É mais um ajuste técnico que está acontecendo hoje, depois do estresse.”

Nesta sessão, investidores acompanharão falas de dirigentes do banco central norte-americano, mas, segundo Iha, há poucas chances de que seus comentários mudem de forma significativa o cenário atual do mercado, que já descartou a possibilidade de um início do afrouxamento monetário nos EUA em março — pintando quadro de rendimentos, e, consequentemente, uma moeda, atraentes nos Estados Unidos por mais algum tempo.

No Brasil, o Copom avaliou na ata da sua última reunião que o cenário doméstico tem evoluído como o esperado pelo BC, com um progresso desinflacionário relevante, mas que a incerteza internacional prescreve cautela à política monetária.

“Em suma, o Banco Central continua com sua abordagem prudente e relativamente muito confortável com a estratégia atual” de adotar cortes de 0,50 ponto percentual, sem espaço para acelerar o ritmo de flexibilização, disse Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez.

Atualmente em 11,25%, a Selic segue em patamar bem restritivo que mantém o real atraente para uso em estratégias de “carry trade”, que consistem na tomada de empréstimos em país de juros baixos e investimento desse dinheiro em mercados de rendimentos mais altos, lucrando com o diferencial de taxas.

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