SÃO PAULO (Reuters) – O dólar engatou a sétima alta consecutiva e fechou numa máxima desde o fim de maio, ainda amparado nesta quarta-feira pelo clima político local mais arisco e pelo ambiente externo de cautela, apesar de ter amenizado os ganhos após o banco central norte-americano acalmar temores sobre redução de liquidez por lá no curto prazo.
O dólar negociado no mercado à vista subiu 0,55%, a R$ 5,2391 –patamar mais alto desde 27 de maio (R$ 5,2554).
Nesta quarta, a cotação foi de queda de 0,78% (para R$ 5,1702, mínima atingida ainda no começo do dia) e alta de 1,37%, para R$ 5,282 –máxima alcançada pouco depois das 12h (de Brasília).
Por volta de 14h20 vendas apareceram e tiraram o dólar dos picos da sessão. Mas a moeda sofreu um revés maior depois das 15h, quando o Fed (banco central norte-americano) divulgou a ata de sua última reunião de política monetária, na qual evitou sinalizar mais claramente quando poderá começar a debater corte de estímulos adotados durante o começo da pandemia –e que ajudaram a sustentar os mercados desde então.
O dólar chegou a uma mínima de R$ 5,2065 meia hora depois da divulgação do documento do Fed.
“Foi um (Fed) cautelosamente ‘dovish‘ (favorável a uma política monetária mais frouxa)”, disse Leon Abdalla, analista de investimentos da Rio Bravo. “No fim, as avaliações do Fed ainda indicam bastante liquidez no mercado”, acrescentou.
Porém, assim como no Brasil, o dólar no mundo apenas reduziu os ganhos. O índice da moeda norte-americana chegou ao fim da tarde em alta de 0,2%, após subir 0,3% na máxima intradiária.
A divisa se valorizava frente a 25 de uma lista de 33 pares, e o real seguiu entre os piores desempenhos do dia, mantendo padrão recente.
“Achamos que o real está longe do patamar que vemos como ideal”, disse Tulio Portella, diretor comercial da B&T Corretora de Câmbio, que vê taxa de R$ 4,50 por dólar ao fim do ano.
Segundo Portella, o rali do dólar nas últimas semanas teve componente mais forte da escalada de tensões políticas. “Houve uma certa perda de credibilidade do governo com o mercado, e com isso as reformas ficam mais facilmente contestáveis”, afirmou, lembrando ainda a má reação de agentes financeiros ao texto da segunda etapa da reforma tributária –que previu, entre outros pontos, tributação de 20% sobre lucros e dividendos.
Depois de forte valorização até março deste ano, o dólar passou a perder força desde então e cruzou a linha dos 5 reais já perto do fim de junho –patamar que, para o ministro da Economia, Paulo Guedes, favorece o turismo brasileiro, porque famílias ricas estão trocando viagens para o exterior por destinos dentro do país.
A moeda, porém, voltou a ganhar terreno nos últimos dias.
Abdalla, da Rio Bravo, também citou uma fragilização do governo e seus impactos sobre o dólar, mas ainda vê a moeda em patamar mais baixo, de R$ 5,10, ao fim do ano, quando a economia deverá operar com maior capacidade.
Portella, da B&T, vê a cotação em nível ainda menor em dezembro, de R$ 4,50. “Temos um cenário de dólar mais fraco no mundo, que encontrará uma Selic mais alta e recuperação econômica no Brasil, combinação que deixará o cenário mais favorável para o investidor estrangeiro trazer recursos para o país”, afirmou.
O Brasil registrou em junho entrada líquida de US$ 4,449 bilhões pelo câmbio contratado, maior valor para o mês desde 2007. No acumulado do ano, o superávit é de US$ 15,158 bilhões, bastante diferente do visto no mesmo período do ano passado (déficit de US$ 12,867 bilhões).
Em sete pregões seguidos de ganhos, a moeda acumulou valorização de 6,30%. É a mais longa sequência do tipo desde o mesmo número de altas seguidas registrado entre 9 e 18 de junho do ano passado, quando a divisa disparou 10,64%.
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