Dólar sobe e volta a encostar nos R$ 5, com “decepção” sobre China e temores de juros altos nos EUA

O dólar comercial volta a subir para perto dos R$ 5 nesta segunda-feira depois de abrir perto da estabilidade, com foco no cenário externo, onde a China decepcionou o mercado com corte menor de juros mas os preços do petróleo têm alta firme.

O dólar abriu a sessão com leve viés de baixa, mas muito perto da estabilidade, enquanto no exterior a divisa apresentava leves perdas ante moedas de países emergentes e exportadores de commodities, assim como em relação a divisas fortes.

Já às 12h20 (horário de Brasília), o dólar comercial subia 0,42%, a R$ 4,988 na compra e R$ 4,989 na venda, chegando a uma máxima de R$ 4,997 no dia.

Segundo José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos, com a piora da situação externa, a chance do dólar continuar subindo em direção a R$ 5,05 – R$  5,10 aumenta. Contudo, a sua perspectiva é que a tendência de longo prazo siga em baixa.

A China surpreendeu os investidores globais com corte de juros menor que o esperado. A taxa de empréstimo primária de um ano (LPR) foi reduzido em 10 pontos base, para 3,45%, enquanto a LPR de cinco anos ficou em 4,20%.

Em uma pesquisa da Reuters com 35 observadores do mercado, todos os participantes previam cortes em ambas as taxas. O corte de 10 pontos na taxa de um ano foi menor que os 15 pontos esperados pela maioria dos entrevistados.

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“Há muitos motivos que podem estar por trás desta decisão. Entre eles, a proteção do iuan, que recentemente sofreu novas pressões, e a estabilidade do sistema financeiro”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury, em comentário enviado a clientes.

Se por um lado o estímulo monetário à economia chinesa foi menor que o esperado — o que em tese pesa sobre moedas de países exportadores de commodities — por outro a alta do petróleo no exterior traz certo suporte às divisas de exportadores da matéria-prima.

Considerando estes dois fatores, o dólar à vista passou a sustentar leves ganhos ante o real no início do dia, após abertura com viés negativo. No exterior, a moeda norte-americana tinha sinais mistos no fim da manhã.

Ainda em destaque, o rendimento do Treasury de 10 anos atingiu a máxima de 15 anos nesta segunda-feira, com preocupações crescentes de que o Federal Reserve manterá os juros altos por mais tempo em um momento em que os gastos deficitários do governo norte-americano ganham mais atenção, o que também impacta o câmbio por aqui.

No Brasil, o dia é de agenda esvaziada, mas o mercado está atento à reunião dos países que fazem parte dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em Johanesburgo, de 22 a 24 de agosto. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou à capital da África do Sul na manhã desta segunda-feira.

A expectativa é de que, em meio à pressão mais recente de alta para o dólar, os participantes da cúpula voltem a discutir o papel da moeda norte-americana como referência das transações globais.

Além disso, os investidores voltam as atenções para uma aguardada retomada das discussões envolvendo a nova regra fiscal na Câmara.

(com Reuters)

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