SÃO PAULO (Reuters) – O dólar emendou a quarta queda diária consecutiva e fechou no menor patamar em uma semana nesta sexta-feira, com o real entre os melhores desempenhos ao fim de um pregão de forma geral de alívio para os mercados brasileiros, conforme investidores acompanharam o ambiente externo benigno e o noticiário político local.
O dólar à vista caiu 0,75%, a 5,5856 reais na venda, após variar entre 5,6789 reais (+0,91%) e 5,5672 reais (-1,07%).
A cotação não engatava quatro dias de baixa desde a mesma série encerrada em 19 de março.
Na semana, a divisa recuou 1,57% –maior queda desde a semana finda em 12 de março e terceira semana consecutiva de perdas –sequência mais longa do tipo desde dezembro passado.
Em abril, o dólar cai 0,80%, mas no acumulado do ano ainda sobe 7,59%.
Operadores comentaram que a sexta-feira foi de mais desmonte de posições negativas nos ativos domésticos, diante de novas máximas históricas nos mercados externos por expectativas de rápida recuperação da economia global.
Endossando o otimismo, a economia da China cresceu a uma taxa recorde de 18,3% primeiro trimestre ante o mesmo período do ano anterior, sugerindo força na maior consumidora mundial de commodities –importante componente das exportações brasileiras.
Aqui, investidores também avaliaram as perspectivas para o impasse do Orçamento e a agenda de reformas. Comentou-se nas mesas sobre declarações do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) –feitas a profissionais do mercado financeiro em São Paulo–, a respeito de continuação da agenda de reformas e de união entre governo e Congresso.
De forma geral, porém, o persistente ruído político continua a limitar a confiança e manter os elevados prêmios de risco.
Gabriel Tenorio e Claudio Irigoyen, do Bank of America, estão neutros na moeda brasileira justamente pela deterioração dos fundamentos e pelo barulho do lado político, apesar de considerarem o real barato. Os profissionais elevaram para 5,40 reais a estimativa para o dólar ao fim do ano, ante 5,1 reais da projeção anterior.
“É difícil descartar o risco de novos desvios fiscais até que a pandemia esteja sob controle”, disseram em nota. “Na margem, taxas de juros mais altas ajudarão (o câmbio). Outros avanços na agenda de reformas podem também ajudar a moeda, mas medidas radicais parecem menos prováveis com a aproximação das eleições de 2022.”
Bruno Marques, sócio e gestor dos fundos multimercados macro da XP Asset, avaliou que o dólar, apesar dos patamares atuais, não parece tão distante dos níveis em que deveria estar e vê a moeda hoje como hedge de posições em bolsa, mesmo com a Selic em alta.
“Acho que (a alta de) juros afeta um pouco o real, os juros até pioraram mais que o câmbio no ano, mas não acho que vai ser uma Selic de 5% que vai resolver isso. Nosso problema não é só juros, até porque o mercado já precifica isso (alta da Selic). Já tem bastante coisa no preço”, disse.
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