SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou em queda de mais de 1% nesta terça-feira, numa mínima em duas semanas, diante da fraqueza global da moeda norte-americana em meio à busca por risco na esteira da melhora das perspectivas para a economia mundial.
A taxa de câmbio também repercutiu notícias de que o presidente Jair Bolsonaro vetará parcialmente o polêmico texto do Orçamento 2021, que foi aprovado duas semanas atrás pelo Congresso e colocou em rota de colisão o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Guedes voltou a fazer declarações públicas nesta terça, assim como o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mas sem grandes repercussões no mercado.
O dólar à vista caiu 1,38%, a 5,6015 reais na venda, depois de oscilar entre 5,6696 reais (-0,18%) e 5,5756 reais (-1,83%).
O patamar de fechamento é o menor desde o último dia 23 (5,5168 reais).
No exterior, o índice do dólar operava nas mínimas desde também o dia 23 de março, enquanto o índice S&P 500 da Bolsa de Nova York se manteve perto de recordes, após o Fundo Monetário Internacional (FMI) projetar que o PIB mundial aumentará 6% neste ano, taxa não vista desde a década de 1970, graças principalmente a respostas de política econômica sem precedentes à pandemia de Covid-19.
O organismo também elevou as estimativas de expansão para América Latina, mercados emergentes e Brasil, embora a melhora no prognóstico para a economia brasileira tenha sido marginal.
“Esta será uma semana majoritariamente de comportamento internacional”, disse Raphael Figueredo, sócio-analista da Eleven Financial. “Tem um sentimento de uma sensação de recuperação, uma aposta do mercado, que procura apetite por recuperação do risco global. Isso vai impulsionando os mercados no mundo inteiro”, completou.
Mas o mercado continuou a monitorar o noticiário sobre o Orçamento federal.
O dólar foi às mínimas do dia com informações de que Bolsonaro vetaria parte do texto aprovado pelo Congresso –conforme desejado por Guedes–, mas a sensação ainda é de desconforto sobre o valor de emendas a ser cortado da peça e como serão financiados programas como o Pronampe, voltado a pequenas empresas.
“O dólar poderia ter caído mais se não fosse essa preocupação fiscal. O mercado melhorou, mas o fato é que nada de efetivo foi anunciado”, disse João Leal, economista da gestora Rio Bravo, que tem na conta um mínimo de 20 bilhões de reais em redução das emendas parlamentares e um modesto alívio extra para o dólar –para 5,55 reais no curto prazo.
Na avaliação da XP, as próximas semanas serão “chave”, com a pandemia ainda “em seu pior nível”, aumento em pressões por gastos e aprovação do presidente Bolsonaro em queda.
“Dessa forma, temos optado por manter hedges no portfólio, via compra de dólar contra real. Se nosso cenário de vacinação se materializar e o governo conseguir passar sem maiores percalços por esse período, acreditamos que os prêmios nos ativos brasileiros devam ser menores”, disseram.
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