Há ainda muitas incertezas sobre o comportamento da inflação no médio e longo prazo no País. O próprio Banco Central, no Relatório de Política Monetária do 2° trimestre de 2025, divulgado nesta quinta (26), revisou a previsão de inflação dos três primeiros meses de 2027 de 3,1% para 3,3%.
“Isso é mais um elemento no arcabouço de análise do Banco central que, de fato, eles devem manter os juros no patamar mais restritivo”, avaliou Alexandre Maluf, economista da XP, durante o programa Morning Call da XP nesta sexta (27). Por outro lado, há sinais no curto prazo que indicam que talvez a taxa Selic não precisa ficar tanto tempo no atual patamar de 15%.
“Se a atividade econômica mostrar uma desaceleração adicional e a taxa de câmbio se comportar um pouco melhor, talvez o Banco Central traga esse início de ciclo de corte mais para perto”, disse o economista. A XP prevê inicialmente corte dos juros a partir de abril do ano que vem.
Copom e relatório
Ele lembrou que Ata do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgado nesta semana o BC enfatizou que manteria os juros altos por longo tempo. Mas, por outro lado, no detalhado Relatório de Política Monetária houve indicativos de uma inflação mais comportada.
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“Esse documento mostra que está bastante incerto e volátil o cenário internacional. Os preços do petróleo oscilaram bastante com todos os conflitos no oriente Médio, mas também um estranhamento da principal variável do componente externo da inflação, que é a taxa de câmbio”, comentou.
“Independente das notícias, o direcional do câmbio no Brasil tem seguido para o ponto de desvalorização, com valorização do real. Isso é um fator bastante relevante”, complementou.
No âmbito doméstico, Alexandre Maluf ressaltou que o relatório recém-divulgado pelo BC trouxe uma revisão altista para o PIB desse ano, que estava em 1,9% e foi 2,1%.
“Mas do lado de inflação, que é ponto principal (no documento), no curto prazo eles têm dito que há melhora do quadro inflacionário muito relacionado a taxa de câmbio”, disse.
Por outro lado, o economista da XP comentou que o relatório aponta desafios ainda para inflação de serviços, que está mais relacionada ao mercado de trabalho aquecido.
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