Ibovespa fecha em queda de 1,21% após ADP nos EUA e com baixa do petróleo; atenção se volta para payroll

Assim como no primeiro pregão do ano, quando perdeu 1,11%, o Ibovespa teve nova queda ampla, com 1,21%, fechando aos 131.225 pontos. A Bolsa seguiu em parte o sentimento ainda cauteloso predominante nos índices em Nova York neste começo de ano. Por lá, pouca amplitude e fechamento misto. Dow Jones encerrou dia com discreta alta de 0,3% enquanto S&P 500 recuou 0,34% e Nasdaq perdeu 0,34%.

Investidores em Wall Street oscilaram nesta quinta. O gatilho foi basicamente o Relatório de Emprego Privado ADP, que mostrou um volume de criação de empregos mais forte do que o esperado. Esse é mais um argumento para a cautela vista neste começo de ano, afinal pode colocar as barbas do Fed de molho, adiando o início do ciclo de cortes. Mas amanhã é que se tira a prova dos nove: os EUA divulgam o payroll, a folha de pagamento de dezembro, o indicador preferido do Fed para o mercado de trabalho.

“A alta nos rendimentos das Treasuries acontece após divulgação de dados de emprego ainda fortes hoje pela manhã nos EUA, aumentando expectativa pelos números do payroll (relatório de empregos) amanhã e levantando dúvidas sobre o quão cedo acontecerão os cortes de juros americanos pelo Federal Reserve. Isso porque, com o mercado de trabalho ainda resiliente, o banco central americano pode se sentir desestimulado a iniciar logo o ciclo de cortes, já que uma redução antes da hora pode levar a inflação a subir mais do que o desejado por lá”, considera Júlia Aquino, analista da Rico.

No mercado de câmbio, por sua vez, o dólar apresentou pouca desvalorização frente ao real. O movimento veio na mesma direção da divisa norte-americana, que caiu na comparação com as principais moedas do mundo, com o DXY em leve baixa de 0,09%. O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,9073 na venda, em baixa de 0,15%. Nos três primeiros dias úteis de janeiro, porém, a moeda norte-americana acumula alta de 1,11%.

No mercado de Treasuries, o retorno do título de dez anos subiu 9,2 pontos-base (pb), a 4,306%. O título com vencimento de 2 anos avançou 6,4 pb em seus rendimentos, a 4,382% e com vencimento de 5 anos desceu 8,4 pb em seus retornos, 3,976%.

No mercado de juros, a taxa do DI para janeiro de 2025 se manteve em 10,05% a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,70%, ante 9,68% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 9,83%, ante 9,78%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,6%, ante 10,1%.

Os preços do petróleo operaram durante a manhã com altas confortáveis, até que a divulgação dos estoques de gasolina nos EUA bastante acima do esperado fizeram os valores se inverterem. Embora os estoques de petróleo bruto tenham diminuído 5,5 milhões de barris na semana, grande parte reflete interrupções no transporte marítimo no Mar Vermelho, disse à CNBC Bob Yawger, diretor de futuros de energia da Mizuho. “A situação no Mar Vermelho forçou muitos refinadores e compradores de petróleo bruto a irem para os EUA em vez de navegarem por baixo da África”, afirmou.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para fevereiro de 2024 caiu 0,70% (-US$ 0,51), a US$ 72,19 o barril, enquanto o Brent para março, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), cedeu 0,84% (-US$ 0,66), a US$ 77,59 o barril.

Poucas ações em alta

A sessão de hoje foi pintada de vermelho, com a maioria das ações caindo e só sete do Ibovespa subindo. As blue chips tiveram desempenho melancólico e Petrobras (PETR3;PETR4) até chegou a abrir no azul e se segurar no campo positivo, mas o relatório sobre estoques de combustível e energia nos EUA mostraram uma apreensão do mercado com esse setor e as ações viraram para queda, para fechar com, respectivamente, menos 1,62% e 0,85%.

O preço das principais referências do petróleo caiu e as petroleiras juniores também sofreram: PRIO (PRIO3) perdeu 0,98%, enquanto Petrorecôncavo (RECV3) desceu 2,64% e 3R Petroleum (RRRP3) cedeu 2,01%.

Vale (VALE3) caiu 1,34% e segue sem fechar no positivo em 2024. Mais uma vez, a ação foi na contramão da alta do minério de ferro do outro lado do mundo.

Os bancos até oscilaram, mas acabaram se rendendo à baixa generalizada e à cautela predominante no pregão de hoje. Bradesco (BBDC4) e Itaú Unibanco (ITUB4) puxaram a fila, com quedas de 1,37% (máxima do dia) e 0,66%, respectivamente.

“As baixas refletem os dois segmentos que mais caíram no dia de hoje, que é o segmento de shoppings e de construção civil muito em virtude dessa alta dos juros futuros hoje. Alpargatas, MRV, Pão de Açúcar, Casas Bahia e Soma são empresas que estão correlacionadas e sofrem com juros altos. A MRV e as construtoras caíram muito numa tendência dessa desaceleração da economia”, considera Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital.

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