Após as decisões de juros da ‘Super Quarta’ de setembro, com corte nos Estados Unidos (EUA) e retomada do ciclo de alta da Selic no Brasil, o dólar passou a perder força em relação ao real, recuando da faixa dos R$ 5,60, em se encontrava no começo de setembro, para terminar o mês cotado na faixa de R$ 5,45.
Para o mês de outubro, segundo Luiz Bazzo, especialista do Transferbank, há uma combinação de variáveis que pode impactar diretamente a cotação da moeda americana no Brasil. Esses fatores são tanto internos quanto externos.
No cenário doméstico, Bazzo destaca que a manutenção de uma taxa Selic elevada continua a atrair investidores estrangeiros para os ativos brasileiros, especialmente em um momento em que os Estados Unidos optaram por reduzir suas taxas de juros.
Recentemente, o Federal Reserve diminuiu a sua taxa de referência para a faixa entre 4,75% e 5%, o que acentua o diferencial entre as taxas de juros do Brasil e dos EUA.
“Ainda que moderada, a elevação da Selic garante certa atratividade dos ativos brasileiros, o que pode limitar as pressões de desvalorização do real”, afirma Bazzo. Esse diferencial de juros é crucial para o fluxo de capital estrangeiro para o Brasil, fator que pode ajudar a conter uma desvalorização mais acentuada da moeda local.
No entanto, o cenário não é isento de riscos. Bazzo alerta que a política fiscal do Brasil e o panorama econômico global continuarão desempenhando papéis decisivos.
“Se o Brasil conseguir avançar com reformas e manter uma gestão fiscal responsável, poderemos ver uma relativa estabilidade ou até mesmo uma valorização do real frente ao dólar”, pondera.
Incertezas no horizonte
Ainda assim, há uma série de incertezas no horizonte. A economia global segue sujeita a volatilidades, e qualquer mudança brusca nas dinâmicas econômicas internacionais, como um possível agravamento da desaceleração econômica em grandes economias, pode reverter as expectativas de valorização do real.
Além disso, a continuidade das reformas econômicas no Brasil será um fator determinante para sustentar o otimismo dos investidores estrangeiros.
A perspectiva para o dólar em outubro de 2024 ainda é de um comportamento misto, com chances de leve desvalorização frente ao real. Essa tendência seria impulsionada pela manutenção do diferencial de juros e uma recuperação gradual do apetite por risco nos mercados emergentes.
Contudo, conforme salienta Bazzo, o cenário é sensível a variáveis externas e ao andamento da política fiscal brasileira, exigindo cautela por parte dos investidores.
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