Problema na Bolsa tem muito mais a ver com macro do que com micro, diz estrategista

Conteúdo XP

A semana que passou foi de volatilidade forte para os ativos brasileiros. Parte de movimento do mercado local se deve ao cenário lá fora, com indefinição dos juros nos Estados Unidos e as eleições do Parlamento Europeu.

“Mas diria que grande parte dessa queda que a gente tem visto no mercado brasileiro vem daqui de dentro mesmo. Essa incerteza fiscal tem pesado bastante. A gente viu movimentos muito fortes na curva de juros. Isso tem refletido na bolsa brasileira”, disse Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP, que participou nesta segunda (17) do Morning Call da XP.

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Bolsa brasileira: quase na lanterna

“Ficamos quase na lanterninha dos mercados globais; só não caímos menos do que o índice europeu, que ficou muito volátil por conta das eleições (para o Parlamento Europeu), principalmente na França”, complementou.

Ele explicou que na semana passada, com a alta forte do câmbio, o setor de papéis de empresas exportadoras foram os destaques, como o agronegócio, papel e celulose e óleo e gás. “E papéis domésticos, na outra ponta, entre as principais quedas”, acrescentou.

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Stress grande

“Teve um stress muito grande tanto do câmbio quanto na curva de juros”, afirmou. A manutenção da Selic em 10,5% na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que acontece essa semana, é dada como certa.

“O mercado já tem precificado até algo bastante estranho. O stress foi tão grande na curva de juros aqui, que o mercado precifica alta de juros nas próximas reuniões do Copom, chegando a 12% a taxa de juros. Nos parece bastante exagerado, mas isso mostra o tamanho do stress que a gente viu”, avalia.

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Fluxo alto de saída da bolsa

Fernando Ferreira destacou ainda a grande retirada na semana passada de recursos por parte de investidores estrangeiros da Bolsa – foram R$ 4,3 bilhões. No ano, esse número já alcança R$ 43 bilhões de saída. “Ano passado, tivemos pouco abaixo de R$ 60 bilhões de entrada de investidores estrangeiros. Portanto, quase tudo de entrada do ano passado já saiu em 2024”, ressaltou.

“Por outro lado, continuamos vendo a entrada de investidores domésticos. O destaque continua sendo o fluxo de pessoas físicas. Mais de R$ 20 bilhões de entrada. Mas o movimento que a gente teve na semana passada foi principalmente do fluxo de investidores institucionais locais”, complementou.

Ativos brasileiros estão baratos

Porém, o estrategista-chefe da XP vê “vontade” de os investidores voltarem a olhar o mercado brasileiro, principalmente pelo nível de preços e o valuation dos ativos, que está bastante descontado.

“A gente ficou muito para trás em relação a outros mercados globais. Quando a gente olha o índice de ações globais, que sobem cerca de 10% no ano, a gente cai próximo de 20%”, explica o analista.

“Por outro lado, os fundamentos das empresas brasileiras têm melhorado. A temporada de resultados (do primeiro trimestre do ano) foi muito boa e a gente tem visto os analistas revisando estimativas de lucro para cima das empresas brasileiras. Ou seja, todo o problema que a gente está vendo, que tem pesado no mercado brasileiro, ele tem muito mais a ver com o macro do que o micro”, avalia.

“Isso chama a atenção dos investidores. Muita gente começando a olhar para oportunidades, começando a olhar para quais setores que ele deveria voltar a comprar”, comentou.

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