Real deve oscilar em faixa estreita antes de eleição, aponta pesquisa

CIDADE DO MÉXICO (Reuters) – O real deve oscilar em uma faixa estreita neste mês, influenciado pelo movimento global do dólar, enquanto brasileiros se preparam para votar na eleição presidencial de 2 de outubro, mostrou uma pesquisa da Reuters nesta quarta-feira.

O índice do dólar atingiu uma máxima de duas décadas na terça-feira e deve permanecer forte diante da expectativas de continuidade da alta de juros dos Estados Unidos e de desempenho da economia norte-americana superior em relação a seus pares.

Nas próximas semanas, espera-se que o real negocie a 5,24 por dólar, de acordo com a pesquisa. Na terça-feira, 1 dólar valia 5,2395 reais. Mas em três meses, a previsão é de uma taxa de 5,29 reais.

“Não prevemos grandes oscilações no curto prazo, pois acreditamos que serão eleições pacíficas. Não vemos riscos de crise institucional ou violência, como aconteceu nos Estados Unidos quando Biden iniciou seu mandato”, disse Ronaldo Patah, diretor de investimentos do UBS Wealth Management Brasil.

O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem liderado as pesquisas de intenções de votos, com o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), em segundo.

Esperava-se que quase todas as moedas dos mercados emergentes enfraquecessem ou, na melhor das hipóteses, permanecessem em seus níveis atuais nos próximos três meses, já que o aperto da política monetária do banco central dos EUA aumenta a posição do dólar como um ativo porto-seguro.

Mas uma perspectiva relativamente estável para a moeda brasileira pode mudar após janeiro de 2023, quando o vencedor da eleição presidencial deve apresentar um novo arranjo fiscal para o país, acrescentou Patah.

Em um ano, a previsão é de que a taxa de câmbio fique em 5,20 reais por dólar, de acordo com a mediana das estimativas de 28 estrategistas de câmbio entrevistados de 1 a 6 de setembro.

Refletindo o nervosismo sobre o futuro do real, sete dos 14 entrevistados que responderam a uma pergunta separada sobre os riscos da moeda disseram que estavam inclinados a esperar mais fraqueza. Cinco viram riscos de alta e dois os consideraram equilibrados.

“O Banco Central do Brasil parece ter acabado com o aperto monetário, então novos aumentos na taxa de juros pelo Fed reduzirão mais rapidamente a diferença e, no curto prazo, podem começar a afetar os fluxos de moeda estrangeira”, observou Mauricio Nakahodo, economista sênior do MUFG.

Os analistas esperam mais elevação da taxa de juros dos EUA, alcançando faixa de 3,25% a 3,50% até o final deste ano, um ponto percentual acima da taxa atual.

Já o peso mexicano deve perder força, com a taxa de câmbio passando para 20,85 pesos por dólar norte-americano em um ano, apesar dos analistas aumentarem persistentemente as previsões de inflação e reforçarem as apostas de que os formuladores de políticas continuarão elevando a taxa básica de juros do banco central.

O peso ganhou mais de 2% em relação ao dólar este ano, enquanto o real subiu mais de 6% ante a divisa norte-americana.

(Reportagem adicional de Gabriel Burin em Buenos Aires)

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