O maior impulsionador da fraqueza do real brasileiro nos últimos 6 meses não é cenário interno, mas essencialmente o externo. A opinião é do economista chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), Robin Brooks. No evento Macro Vision 2022 do Itaú, ele lembrou que o câmbio no Brasil chegou a cair para R$ 4,16 logo após a invasão russa.
Segundo ele, quando as surpresas inflacionárias nos Estados Unidos ficaram claras e o Federal Reserve passou a elevar os juros de forma mais acelerada, o dólar saltou de um patamar de R$ 4,70 em para R$ 5,40 em junho. E que “as dinâmicas subjacentes da inflação nos EUA estão diminuindo”, o que pode levar o câmbio no Brasil para abaixo dos R$ 5,00.
“O “carry” (carregamento) nos mercados emergentes atingiu o pico há cerca de 6 meses, quando o ciclo de alta do Fed mudou para ‘overdrive’ com altas de 75 bps a partir de junho. Essa mudança trouxe um período de fraqueza da moedas emergentes que agora está terminando. A queda da inflação nos EUA trará força nos mercados emergentes em uma base ampla”, escreveu um pouco mais cedo sem sua conta no Twitter.
Também no Twitter, Brooks divulgou um gráfico mostrando que, nos últimos 10 anos, o real do Brasil caiu 30% em termos reais efetivos, mesmo ajustando para uma inflação relativamente mais alta no Brasil do que em outros lugares. “Isso é quase tão fraco quanto a Turquia, que caiu 45%. Isso faz ZERO sentido”, escreveu, ressaltando o zero. Brooks mantém sua opinião, que tem gerado polêmicas nas redes sociais de que o valor justo do câmbio no Brasil é de R$ 4,50.
Também no evento do Itaú, Philipp Hildebrand, vice chairman da BlackRock, alertou que os Bancos Centrais precisam encontrar um equilíbrio em sua políticas monetárias restritivas para manter o combate à inflação, sem prejudicar demais o crescimento econômico. Ele foi pessimista sobre a projeção para a atividade econômica na Europa para o ano que vem. “O melhor cenário é nenhum crescimento”, disse.
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