Dólar cai a R$ 4,76 e renova mínimas em mais de um ano, com atenção a Copom e falas de Powell

Com os investidores à espera da decisão do Banco Central sobre a Selic, marcada para o início da noite, o dólar comercial teve uma nova sessão de perdas ante o real nesta quarta-feira, em sintonia com o exterior, onde a moeda norte-americana também cedia após comentários do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, sobre a inflação nos EUA.

O dólar comercial fechou o dia cotado a R$ 4,767 na compra e R$ 4,768 na venda, com baixa de 0,59%. Esta é a menor cotação de fechamento desde 31 de maio de 2022, quando atingiu R$ 4,7542.

Após os recuos das últimas semanas, o dólar à vista chegou a ensaiar uma recuperação na manhã desta quarta, enquanto investidores aguardavam pelo depoimento de Powell à Câmara norte-americana.

Às 9h39, a divisa atingiu a cotação máxima da sessão, de R$ 4,816 reais (+0,47%), mas a partir daí passou a perder força, como vem ocorrendo, com investidores enxergando pouco espaço para um dólar mais elevado.

Powell começou a falar às 11h e seus comentários não reforçaram necessariamente uma visão mais dura – ou hawkish, no jargão do mercado – sobre o futuro da política monetária nos EUA.

Apesar de dizer que o combate à inflação tem “um longo caminho a percorrer”, o chair do Fed afirmou que pode fazer sentido aumentar os juros a um “ritmo mais moderado”.

Com a fala de Powell, que se estendeu até o início da tarde, o dólar foi se firmando em queda ante diversas divisas ao redor do mundo, incluindo o real.

“O dólar está fraco hoje (quinta-feira) em relação a uma cesta de moedas fortes. As divisas de emergentes estão subindo também”, pontuou o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado.

Segundo ele, os avanços na área fiscal e a queda da inflação no Brasil são alguns dos fatores que contribuem para o otimismo dos investidores.

“Temos uma conjunção de fatores e, na ausência de fato novo, o mercado não tem muito como mudar a percepção de que é dólar para baixo”, acrescentou.

Ainda durante a fala de Powell, o dólar marcou a cotação mínima de R$ 4,763 às 12h44, em sintonia com a perda de força da moeda norte-americana também no exterior.

Durante a tarde, as cotações se mantiveram em margens mais estreitas, com os agentes do mercado à espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que anunciará no início da noite o novo patamar da taxa básica Selic, hoje em 13,75% ao ano.

No mercado futuro de juros, a precificação é de que há apenas 5% de chances de o Copom cortar a Selic nesta quinta-feira, em 0,25 ponto percentual. A probabilidade de manutenção da taxa, conforme a precificação, é de 95%.

Dois profissionais ouvidos pela Reuters lembraram que a expectativa recai sobre o comunicado do colegiado, já que a expectativa majoritária do mercado é de que o BC passe indicações de que iniciará o processo de cortes em agosto.

Segundo eles, tanto a manutenção da Selic nesta quinta-feira quanto o corte de 0,25 ponto percentual em agosto já estão precificados no mercado de câmbio. Assim, somente se o Copom surpreender haverá algum tipo de reação mais intensa nas cotações de quinta-feira.

No fim da tarde, o dólar seguia em queda ante uma cesta de moedas fortes e em relação à maioria das demais divisas de emergentes ou exportadores de commodities.

Às 17h14 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,42%, a 102,080.

Durante a tarde, o Banco Central informou que o Brasil registrou fluxo cambial total negativo de US$ 1,589 bilhão em junho até o dia 16. Pelo canal financeiro, houve saídas líquidas de US$ 1,587 bilhão e, pelo comercial, o saldo no período foi negativo em 2 milhões de dólares.

Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de agosto.

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