Dólar cai e chega a operar abaixo dos R$ 5,15 após ata do Copom e com exterior benigno

SÃO PAULO – O dólar caía frente ao real nesta terça-feira, depois que a ata da última reunião de política monetária do Banco Central mostrou tanto o comprometimento da autarquia com o controle da inflação quanto alguns acenos aos esforços do governo para melhorar a credibilidade fiscal do país.

Às 11h05 (horário de Brasília), a divisa americana comercial recuava 0,83%, a R$ 5,163 na compra e R$ 5,164 na venda, chegando a uma mínima abaixo de R$ 5,15, queda que também era alimentada pela redução de temores globais sobre o setor bancário.

Na B3, às 9:56 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento, em abril, caía 0,57%, a R$ 5,1745.

A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), publicada nesta terça-feira, ressaltou que “não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a apresentação do arcabouço fiscal” ainda a ser apresentado pelo governo.

O BC decidiu manter a Selic em 13,75% ao ano em reunião na semana passada, sem apresentar sinal concreto sobre um eventual afrouxamento monetário à frente, contrariando expectativas no mercado e no governo por uma indicação sobre o momento em que poderia iniciar os cortes na taxa básica de juros. Isso levou a críticas renovadas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus ministros à conduta da política monetária.

“A ata do Copom foi mais dura que o comunicado. Cenário de queda de juros próximo ficou menos provável”, escreveu Rafaela Vitoria, economista-chefe do Banco Inter.

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O real tende a se beneficiar de uma taxa de juros elevada, já que fica mais atraente para uso em estratégias de “carry trade”. Estas consistem na tomada de empréstimo em país de custos de empréstimos baixos e aplicação desse dinheiro em praça mais rentável, de forma que o investidor lucra com o diferencial de juros.

Por outro lado, investidores apontam as tensões entre o governo e o BC como um fator que afasta investidores do risco, ao abalar a estabilidade institucional no país.

Para Jefferson Laatus, CEO e estrategista-chefe da Laatus, “foi uma ata dura, sinalizando compromisso do BC com a inflação”, mas “afagando ali o ministério da Fazenda com a questão de ver boa intenção com essa movimentação de reforma tributária e arcabouço fiscal”.

Para ele, a ata sem grandes surpresas em relação ao comunicado de política monetária e um cenário externo benigno, com redução nos temores sobre uma crise bancária global, devem manter um viés negativo para o dólar frente ao real.

O índice que compara a moeda norte-americana a uma cesta de seis pares fortes caía 0,20% nesta manhã, conforme os mercados se tranquilizavam após o acordo do First Citizens BancShares para comprar todos os depósitos e empréstimos do falido Silicon Valley Bank.

Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,2075 na venda, queda de 0,82%.

(com Reuters)

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