SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou em alta nesta quarta-feira e voltou a ficar acima de 5,20 reais, com a prevalência do clima incerto no plano local sobre o dia de queda ampla da moeda norte-americana após dados mais fracos de inflação nos EUA.
O dólar à vista subiu 0,47%, a 5,2200 reais na venda, após variar de 5,1642 reais (-0,61%) a 5,2354 reais (+0,76%) na sessão.
O real amargou o pior desempenho global na sessão, que via o índice do dólar contra uma cesta de pares em baixa de 0,2% no fim da tarde.
O dólar abriu em leve alta e acelerou os ganhos até pouco antes das 9h30, quando os EUA informaram um aumento menor na inflação ao consumidor do país em julho, o que imediatamente fez o dólar despencar aqui e no exterior pelo entendimento de que a inflação não seria motivo para o Fed anunciar em breve corte na oferta de dinheiro barato –capital esse que poderia fluir para mercados emergentes, como o Brasil.
Mas, enquanto o dólar seguiu mais fraco nos mercados externos, aqui gradualmente voltou a ganhar força até bater uma máxima da sessão acima de 5,23 reais, com operadores recorrendo a compras defensivas diante da temperatura ainda elevada no campo político-fiscal no Brasil.
O presidente Jair Bolsonaro frustrou a expectativa do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ao, apenas algumas horas depois de ver a Proposta de Emenda à Constituição do voto impresso ser derrubada pelo plenário da Casa, voltar a atacar as urnas eletrônicas e levantar suspeitas sobre as eleições.
Em paralelo, investidores monitoraram manchetes sobre a reforma do Imposto de Renda e a PEC dos precatórios. Esta última, que já havia gerado reação negativa no mercado pela ideia de parcelamento do pagamento das dívidas, causou ainda mais mal-estar depois de o Tesouro Nacional tentar explicar mudanças na chamada regra de ouro que, na prática, flexibilizam a norma, considerada antes uma das principais âncoras fiscais do país.
“Quando você junta esses fatores fiscais com uma inflação persistentemente alta, fica mais difícil para o mercado digerir o risco político”, disse Gustavo Menezes, gestor macro da AZ Quest com foco em câmbio. Segundo ele, os aumentos sucessivos da inflação elevam o risco de uma depreciação nominal do real para que se mantenha um equilíbrio na taxa real de câmbio.
Ainda assim, o gestor vê fatores de fundamento se sobressaindo a favor do real.
“Recuperamos bem o diferencial de crescimento, os juros estão subindo e os termos de troca seguem bastante favoráveis”, disse o gestor. “Outras questões de barulho causam volatilidade e atrapalham, mas no médio prazo os fatos devem preponderar”, finalizou.
Num sinal positivo, o fluxo cambial foi superavitário em 917 milhões de dólares na primeira semana de agosto, elevando o saldo no ano acima de 17 bilhões de dólares. A sobra de dólares pelo câmbio contratado tem ajudado a manter o cupom cambial (uma taxa de juros em dólar) em mínimas em torno de 0,3% ao ano.
Uma medida da percepção de instabilidade da taxa de câmbio voltou a cair nesta quarta, depois de na véspera bater máximas desde abril. E uma medida do risco-país tinha ligeira queda, mas ainda ficando muito próxima de patamares vistos em maio.
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