Dólar interrompe sequência de 4 baixas e tem leve alta, a R$ 4,92, em dia de liquidez baixa e proteção antes do feriado

SÃO PAULO (Reuters) – Em um dia marcado por baixa liquidez, o dólar à vista interrompeu a série de quatro sessões de baixa e encerrou a quarta-feira em leve alta ante o real, com as cotações reagindo ora ao mercado externo, ora a barreiras técnicas, e com investidores buscando proteção antes do feriado.

O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,9244 na venda, com alta de 0,26%.

Na B3, às 17h15 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,18%, a R$ 4,9465.

A moeda norte-americana alternou altas e baixas durante a manhã e à tarde, mas sempre oscilando em margens estreitas, com as cotações sem um sentido firme.

Na cotação mínima da sessão, vista às 11h07, o dólar marcou 4,9010 (-0,22%). Pouco depois, às 11h42, a moeda atingiu a máxima de 4,9330 (+0,43%). Da mínima para a máxima, a oscilação foi de apenas 0,65% — um percentual típico de dias com menos negócios e noticiário ameno.

“A margem foi bem estreita, uma das mais estreitas do ano. Em alguns momentos, o dólar acompanhou o cenário lá fora, onde a moeda também perdia levemente ante seus pares”, comentou Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora.

“Mas toda vez que o dólar cai nos R$ 4,90, que é uma barreira técnica forte, surgem exportadores e Tesourarias recompondo posições (compradas)”, acrescentou.

O anúncio de uma inflação menor que o esperado pela manhã fez preço no mercado de DIs (Depósitos Interfinanceiros), mas teve pouco impacto nesta quarta-feira no segmento cambial, embora profissionais tenham dito que a atual dinâmica de juros possa impactar as cotações mais à frente.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,23% em maio, depois de ter avançado 0,61% em abril. O resultado é o mais fraco desde setembro de 2022 (-0,29%) e ficou bem abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters, de avanço de 0,33%.

Com o resultado, o IPCA passou a acumular em 12 meses até maio taxa de 3,94%, contra 4,18% antes.

O resultado elevou as apostas, no mercado de juros, de que o Banco Central iniciará o ciclo de cortes da taxa básica Selic, hoje em 13,75% ao ano, no futuro próximo.

Profissionais ouvidos pela Reuters avaliaram que a expectativa de que a Selic possa cair a partir de agosto, aliada à visão de que o Federal Reserve tende a manter seus juros na faixa de 5,00% a 5,25% este mês, tem como resultado uma possível redução do diferencial de juros, hoje favorável ao Brasil.

Na prática, o investimento no Brasil se tornaria uma pouco menos atraente, o que traz um viés de alta para o dólar ante o real. De acordo com estes profissionais, ainda que o IPCA não tenha feito preço no mercado de câmbio nesta quarta-feira, podem ocorrer ajustes de preços mais à frente.

Durante a tarde, o BC informou que o fluxo cambial total foi negativo em 1,505 bilhão de dólares em maio. No ano, porém, ele segue amplamente favorável ao país, com entradas de 12,780 bilhões de dólares.

Perto do fim do dia, a moeda norte-americana saltou para o positivo mais uma vez e assim permaneceu até o fechamento.

Como quinta-feira é feriado de Corpus Christi e sexta-feira tende a ser um pregão de liquidez reduzida, espremido entre o feriado e o fim de semana, alguns participantes do mercado optaram por posições compradas em dólar como proteção até a próxima segunda-feira.

No exterior, o dólar se mantinha perto da estabilidade ante divisas fortes.

Às 17:15 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,04%, a 104,120.

No Brasil, pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de julho.

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