O dólar tem ganhos expressivos frente ao real nesta quarta-feira, acompanhando em parte a valorização da divisa norte-americana no exterior conforme investidores repercutem as falas de autoridades de grandes bancos centrais, em meio ainda à adoção de posições defensivas na cena doméstica a poucos dias do fim do semestre.
Às 13h30 (horário de Brasília), o dólar comercial avançava 0,95%, a R$ 4,844 na compra e na venda. Na máxima do dia, a moeda chegou a R$ 4,872.
Jefferson Rugik, da Correparti Corretora, disse que esse salto estava amplamente em linha com movimento visto no exterior, onde o dólar ganhava terreno tanto contra uma cesta de pares fortes quanto em relação a divisas emergentes ou ligadas às commodities.
O foco dos mercados globais ficou durante a manhã em um painel de discussão com o chair do Fed, Jerome Powell, e com a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, no fórum anual do BCE em Sintra, Portugal.
“Investidores ficarão atentos às sinalizações dos dirigentes dos principais bancos centrais, em meio a um maior pessimismo quanto à evolução da atividade econômica na região (da zona do euro)”, disse o Bradesco em relatório durante a manhã.
Powell sugeriu que é provável que haja mais dois aumentos na taxa do Fed, o que manteve o cenário de alta do dólar frente as outras moedas.
Na véspera, dados econômicos norte-americanos melhores do que o esperado pintaram um quadro mais otimista para a atividade dos EUA, o que pode alimentar expectativas de que o Federal Reserve precisará elevar os juros mais duas vezes este ano. Isso, por sua vez, jogaria a favor do dólar frente a outras divisas globais.
Além disso, no Brasil, por trás do enfraquecimento do real havia “movimento de proteção interna com a possibilidade de novas saídas de investidores estrangeiros do país em função do encerramento do primeiro semestre”, explicou à Reuters Rugik, da Correparti. Comportamentos sazonais desse tipo ao encerramento de semestres são muito comuns.
Enquanto isso, operadores aguardam a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) na quinta-feira em meio a especulações sobre os próximos passos da política monetária doméstica. Na véspera, a ata da última reunião do Copom mostrou que a maioria dos membros do Banco Central apoiaria uma queda dos juros em agosto caso se mantenha o cenário de arrefecimento da inflação.
A moeda brasileira tende a se beneficiar de juros mais altos, mas boa parte do mercado acredita que, ainda que o Banco Central comece o processo de cortes da Selic no futuro próximo, os juros reais seguirão favoráveis à atração de investimentos, ainda mais num ambiente de arrefecimento da inflação. Isso, por sua vez, tem ajudado a derrubar o dólar para os patamares mais baixos em mais de um ano.
(com Reuters)
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