Dólar sobe e vai a R$ 4,79 após BC sinalizar possível corte de juros em agosto

Em um dia marcado pela última ata do Copom, o dólar à vista fechou a terça-feira em alta ante o real, após sinalizações de que o Banco Central poderá começar a cortar juros no Brasil já em agosto, enquanto no exterior o viés predominante para a divisa norte-americana era negativo.

O dólar comercial fechou o dia cotado a R$ 4,798 na compra e R$ 4,799 na venda, com alta de 0,67%.

Na B3, às 17h13 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,61%, a R$ 4,7990.

Pela manhã, o dólar chegou a recuar, marcando a cotação mínima de R$ 4,7510 (-0,32%) às 9h26, seguindo a tendência mais recente de baixa ante a moeda brasileira e em sintonia com o exterior, onde a divisa norte-americana também cedia.

Mas perto das 10h o dólar migrou para o positivo. Por trás do movimento estiveram a divulgação da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC e o resultado do IPCA-15 de junho — ambos com indicações de que o início do ciclo de cortes da taxa básica Selic poderá começar em agosto.

Após ter mantido a taxa básica Selic em 13,75% ao ano na semana passada, o Copom adotou um tom considerado mais ameno – ou dovish, no jargão do mercado – na ata.

Em um dos trechos mais significativos, o colegiado registrou que “a avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”.

No mercado, a avaliação foi de que o BC abriu a porta para o início do processo de cortes da Selic.

Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA-15 de junho subiu 0,04%, taxa mais baixa em nove meses, contra alta de 0,51% em maio. Em 12 meses até junho, o avanço acumulado é de 3,40%, resultado mais baixo desde setembro de 2020 (2,65%).

“No início do dia, o dólar acompanhou lá fora, onde a divisa estava se desvalorizando. Depois veio o IPCA-15, sugerindo corte de juros já em agosto. E a ata também veio no sentido de corte de juros”, comentou Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora.

A expectativa de uma Selic mais baixa, para o mercado de câmbio, se traduz em um diferencial de juros menor para o Brasil, o que em tese tende a reduzir o fluxo de moeda norte-americana para o país.

Com isso, as cotações do dólar tendem a se ajustar em alta, com investidores recompondo parte das posições compradas na moeda norte-americana.

Ainda assim, o avanço do dia foi incapaz de fazer a divisa superar os R$ 4,80 no mercado à vista, em um sinal de que a visão mais geral sobre o Brasil ainda é positiva.

No exterior, no fim da tarde o dólar mantinha-se em baixa ante uma cesta de divisas fortes.

Às 17h13, o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,24%, a 102,480.

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