O dólar subia frente ao real nesta quarta-feira (2), com investidores à espera da decisão de política monetária do Banco Central, a ser divulgada após o fechamento dos mercados, enquanto os operadores de câmbio repercutiam o rebaixamento dos Estados Unidos pela agência de classificação de risco Fitch.
Às 13h10 (horário de Brasília), a divisa comercial subia 0,49%, a R$ 4,812 na compra e R$ 4,813 na venda.
Na terça-feira, a Fitch rebaixou a recomendação dos Estados Unidos para AA+, de AAA, em uma medida que provocou uma resposta irritada da Casa Branca e surpreendeu os investidores, apesar da resolução há dois meses de uma crise do teto da dívida.
“A mudança foi resultado da piora do risco fiscal após a crise da dívida no primeiro semestre deste ano”, disse a Guide Investimentos em nota a clientes. “Na época já havia a preocupação de uma revisão por parte das agências de rating, e o mercado já estava precificando boa parte deste risco. Por isso, acreditamos que um impacto prolongado nos ativos de risco não deve ocorrer”, completou.
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Nesta manhã, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes subia 0,34%, no que operadores atribuíram a um aumento na demanda por segurança. Embora a nota de crédito dos EUA tenha sido rebaixada, a moeda norte-americana segue sendo um ativo considerado extremamente seguro.
O foco dos investidores brasileiros, no entanto, deve se concentrar no encontro do Comitê de Política Monetária do Banco Central, que anunciará sua decisão após o fechamento dos mercados, com apostas praticamente consensuais de que começará a cortar os juros em meio a sinais de arrefecimento da inflação e maior otimismo quanto à conjuntura econômica do Brasil.
O tamanho do corte, no entanto, é menos certo. A maioria dos economistas consultados pela Reuters em uma pesquisa esperava redução de 0,25 ponto percentual, mas operadores se mostravam mais divididos, com a curva a termo de juros embutindo probabilidade de 52% de que o BC cortará a Selic em 0,50 ponto.
“A trajetória mais benigna da inflação corrente e o recuo das expectativas de inflação tornam o cenário mais construtivo para o início do processo (de corte de juros)”, avaliou o Bradesco em relatório, projetando corte “parcimonioso” de 0,25 ponto percentual na Selic.
Qualquer que seja a escolha do Copom, “isso tende a ditar um pouco a direção do câmbio a partir de amanhã, em relação ao diferencial de juros”, disse à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
O nível atual dos juros é apontado como um apoio para o real ao torná-lo mais atraente para estratégias de “carry trade”, que buscam lucrar com diferenciais de custos de empréstimo entre economias. No entanto, alguns participantes do mercado argumentam que, mesmo após o início do afrouxamento da política monetária do BC, a Selic seguirá em nível restritivo, dando suporte à moeda brasileira, ao mesmo tempo que prevalece uma visão mais otimista sobre a conjuntura doméstica.
Segundo José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos, a volatilidade no mercado continua e é um movimento normal. A mínima foi abaixo de R$ 4,69 e agora está na faixa de R$4,80.
“Algo relevante a comentar é que a atual tendência de queda de médio prazo do dólar frente o real está ativa desde meados de janeiro, ou seja, quase 7 meses, período longo para uma tendência de médio prazo. Ou seja, não devemos nos assustar quando a tendência virar de queda para alta. Estejamos preparados porque certamente isso acontecerá em algum momento”, aponta.
(com Reuters)
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