Massa descarta desvalorização cambial após 2° turno das eleições na Argentina

O ministro da Economia e candidato à presidência da Argentina, Sergio Massa, descartou que após o segundo turno das eleições será aplicada uma desvalorização cambial como aconteceu em agosto, logo após a realização das prévias (PASO), que mostraram a acedência do candidato ultraliberal Javier Milei. Na ocasião, a pedido do Fundo Monetário Internacional (FMI), o governo desvalorizou o peso em 22%.

Segundo o jornal Ámbito Financiero, ele também garantiu que a restrição para a compra e venda de dólares no país, o chamado “cepo” será encerrada no final de 2024.

Em entrevista ontem à noite no canal La Nación+, Massa repetiu que “não está prevista uma desvalorização após a votação”, em 19 de novembro, mas que haverá um ajuste diário da cotação pelo Banco Central, num ritmo mais lento. “Há um acordo que estabelece que o ‘crawling peg’ começa em 15 de novembro. No primeiro dia será de US$ 3”, disse ele na entrevista.

O “crawling peg”, também chamado de “câmbio deslizante”, é um sistema de taxa de câmbio utilizado por alguns países para controlar o valor da sua moeda em relação a outras divisas estrangeiras. Ele permite ajustes graduais, que dá flexibilidade ao BC para alterar o valor d uma moeda, dentro de limites estabelecidos.

Massa também deu mais detalhes sobre seus planos para a economia, incluindo a necessidade de reduzir impostos sobre as empresas exportadoras, avançar na segmentação dos subsídios e tornar mais eficiente o papel do Estado.

Sobre o “cepo” – restrição à compra de moeda estrangeira que começou com a gestão dos Kirchner e que foi reimposta pelo governo de Mauricio Macri e ampliada pelo de Alberto Fernández, devido à falta de dólares no país – Massa garantiu que ela terminará no final do próximo ano.

“Vamos levantar quando terminar o exercício financeiro de 2024 e tivermos uma quantidade suficiente de reservas em dólares para que o fluxo de comércio seja livre e não tenhamos stress relativamente às nossas reservas”, disse o candidato da coleção União Pela Pátria.

Essa promessa está ligada a previsões de que a Argentina vai conseguir recuperar suas reservas a partir de exportações maiores, especialmente as agrícolas, além de um nível mais baixo de vencimentos da dívida. “No próximo ano, são apenas US$ 5 bilhões com o FMI”, comparou. “Prevemos crescimento nos setores agrícola, energético e mineiro, que será um grande consolidador da conta geral da Argentina”, estimou.

Subsídios

Ele aproveitou para criticar a proposta de eliminar subsídios do transporte defendida pelo seu adversário, Javier Milei. “Diga às pessoas quanto custará o bilhete de trem, ônibus e gasolina se o subsídio for retirado”, desafiou.

“Muitos disseram ‘faça o reajuste agora do jeito que a gente não faz’. Sem se importar com o povo. Desvalorizamos 20%, mas eles pediram 100%. E aconteceu com os preços. Imagina quando falam em unificação cambial em um dia. Deixe as pessoas saberem. É uma desvalorização de 100%. Você tem que contar às pessoas sobre isso”, disse.

Para ele, para recuperar a renda na Argentina, a redução dos subsídio precisa ser gradativa. “O desafio é construir um país de desenvolvimento com inclusão, não um país para 4 milhões de pessoas. Por causa da lógica de ‘vamos libertar tudo’, ficam 4 milhões dentro e 41 milhões fora. Quero um país com 45 milhões dentro”, observou.

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