Relatório Focus: expectativa para inflação e PIB melhoram para 2022, mas pioram para 2023

O mercado continua a revisar as projeções para a inflação e o desempenho da economia brasileira de 2022 e de 2023 (IPCA menor e PIB maior neste ano, mas o contrário no ano que vem), mostram dados do Relatório Focus, levantamento semanal do Banco Central com mais de 100 instituições financeiras.

A estimativa para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2022 caiu de 7,30% na semana passada para 7,15% agora, mas o de 2023 subiu de 5,30% para 5,33%. É a 17ª semana seguida de alta para a expectativa de inflação do próximo ano.

Já a previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano subiu de 1,93% para 1,97%, mas o do próximo caiu de 0,49% para 0,40%, mostram os dados divulgados nesta segunda-feira (1º).

O movimento duplo é efeito das medidas aprovadas no Congresso Nacional, com apoio do governo federal, para baixar os preços dos combustíveis e da conta de luz a poucos meses da eleição e também estimular a economia.

Apesar dos efeitos benéficos no curto prazo, as medidas tendem a piorar a inflação no médio e longo prazos. Além disso, a economia deve começar a desacelerar neste segundo semestre, como efeito da alta de juros iniciada pelo BC em março do ano passado para controlar a inflação.

Selic e câmbio

O mercado elevou a projeção para a Selic de 2023, de 10,75% para 11,00%, mas manteve a deste ano em 13,75% (o que indica que o BC deve demorar mais para começar a reduzir a taxa básica de juros). Já a estimativa para o câmbio não se alterou (US$ 1 = R$ 5,20 no fim deste ano e do próximo).

Fora da meta

A projeção para o IPCA neste e no próximo ano está fora da meta do BC, que é de 3,5% para 2022 e 3,25% para 2023, com tolerância de 1,5 ponto percentual (ou seja: ela será cumprida se o índice ficar entre 2% a 5% neste ano e entre 1,75% e 4,75% no próximo).

Caso isso ocorra, a meta será descumprida por três anos consecutivos.

Desancoragem das expectativas

O Focus também mostra sinais de desancoragem de expectativas mais ampla, com as estimativas do IPCA para 2024 acima do centro da meta pela terceira semana seguida (3,30%), pois a meta para 2024 e 2025 é de 3,00% (também com margem de 1,5 ponto porcentual).

Essa desancoragem em relação à inflação pode exigir da autoridade monetária um prolongamento do ciclo de alta dos juros. A Selic está em 13,25% ao ano atualmente, e nesta semana o Comitê de Política Monetária (Copom) vai definir se eleva a taxa em mais 0,25 ou 0,5 ponto percentual.

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